O tema da violência política durante as eleições segue na agenda de preocupações de lideranças do mundo político. No final da tarde desta terça-feira (27), as principais centrais sindicais do país se reunirão com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, em Brasília (DF), para pedir segurança para as pessoas que vão trabalhar no próximo domingo (2), data do primeiro turno.
Estarão presentes representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Força Sindical, da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), que irão entregar ao presidente da Corte um documento com demandas definidas em conjunto pelo grupo.
"A tensão sobre o processo eleitoral está expressa na violência perpetrada contra eleitores, algumas vezes ocorrendo assassinatos, agressão a jornalistas, aos trabalhadores dos institutos de pesquisa, aos militantes e ativistas dos candidatos da oposição. É dramático termos que enfrentar esse tipo de regressão no padrão das relações políticas, quando concebemos que o respeito e a tolerância são bases para o exercício livre do direito de opinião e de escolha pelo voto", diz um trecho do documento.
As seis entidades também chamam a atenção para a escalada desse tipo de violência nos diferentes cantos do país. Elas citam dados do Observatório da Violência Política e Eleitoral da UniRio, que contabilizou um total de 1.209 ataques a políticos em 2022 considerando o período até junho, sendo 45 deles assassinatos de lideranças políticas. Os números representam um salto de 335% no comparativo com o mesmo período do ano passado.
"Segundo outra pesquisa, do Datafolha de 15/09, mais de 67% dos entrevistados afirmam terem medo de serem agredidos fisicamente em decorrência de suas escolhas políticas. Nessa mesma pesquisa, 3,2% dos entrevistados afirmam terem sido vítima de ameaças por suas posições políticas nos 30 dias anteriores a pesquisa, o que representa cerca de 5 milhões de eleitores", cita a carta.
Ao lembrarem que a violência é estimulada por lideranças políticas que evocam a pauta armamentista e esse tipo de prática em seus discursos, as entidades pedem, no documento, que o TSE garanta pelo menos cinco medidas. Uma delas seria o reforço no sistema de segurança voltado ao contingente que trabalha nas zonas de votação, incluindo não apenas servidores e mesários, mas também os próprios eleitores.
O grupo também pedirá uma articulação "de todo o aparato de segurança (nacional, estadual e municipal) em torno de um plano de proteção e segurança", bem como "manutenção de plantão dos órgãos que podem dar suporte ao combate à violência, o monitoramento da situação e dos casos de violência, e que sejam céleres em adotar medidas para punir os casos ocorridos".
Está em vista ainda a solicitação para que haja suspensão do porte de armas para todos os civis que não atuem no sistema de segurança das eleições, bem como a suspensão das atividades de clubes de tiro, reuniões, treinamento e competição de tiro no mínimo três dias antes das eleições e também após os dois turnos do pleito. As centrais pedirão também que seja inaugurado um canal específico para que receber denúncias da sociedade de casos de violência.
"Salientamos ainda que, desde já, é preciso planejar a segurança pós-primeiro turno e nos meses de novembro e dezembro, que poderão vir acompanhados de elevação das agressões e da violência. Também deve ser nossa prioridade desarmar a população e difundir a cultura da paz e da tolerância, porque violência e os assassinatos crescem no cotidiano da nossa sociedade", arrematam as organizações, no texto.
Edição: Thalita Pires