A deputada federal eleita no pleito do último domingo (2), Marina Silva (Rede) afirmou que mantém a expectativa de que Ciro Gomes (PDT) anuncie apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ex-ministra do Meio Ambiente, ressaltou que os riscos à democracia brasileira pedem clareza nos posicionamentos.
"O processo político é muito complexo, com inflexões que precisam ser feitas olhando para o conjunto da obra. Ciro Gomes terá, com certeza, seu próprio discernimento."
A declaração foi dada ao BdF Entrevista, antes da confirmação do apoio do PDT a Lula, que ocorreu em comunicado nesta terça (4).
Marina Silva e Ciro Gomes estiveram à frente de ministérios no governo Lula e desenvolveram uma relação de proximidade. Na conversa com o Brasil de Fato ela lembrou que os dois - ela na pasta do Meio Ambiente e ele na Integração Nacional - trabalharam juntos nos processos relativos à transposição do Rio São Francisco.
Na opinião da deputada estadual eleita, tanto Ciro quanto Simone Tebet (MDB) têm um legado de defesa da democracia.
"Nesse contexto, o que temos que fazer é a compreensão do que está em jogo agora. Da parte de todos nós. Tenho certeza que tanto Simone quanto Ciro têm essa compreensão. É uma eleição muito diferente do que aconteceu em 2018. Em 2018 nós ainda não tínhamos todos os elementos do risco que é o Bolsonaro para a corrosão da nossa democracia."
Ela alertou para os riscos que um novo mandato bolsonarista representa ao Brasil.
"Se tivermos mais quatro anos de governo Bolsonaro, ele vai fazer uma mudança deletéria na configuração do Supremo, vai continuar interferindo no Congresso. Os democratas estarão nas fileiras da democracia e a forma como isso será feito, acho que cada um encontrará o seu caminho. Porque a sociedade brasileira demonstrou no primeiro turno que ela não quer nenhum tipo de flerte com o autoritarismo."
:: Para especialistas, chance de vitória de Lula levou ao voto útil de ciristas em Bolsonaro ::
O ex-governador do Maranhão, Flavio Dino (PSB), eleito senador nas eleições deste ano, também participou do BdF Entrevista, ao lado de Marina Silva. Ele afirmou que a campanha de Lula já estava voltada para o diálogo com o centro desde o primeiro turno.
Flávio Dino considera que há um equilíbrio “correto, que expressa mais ou menos o pensamento médio, com uma visão progressista. Ele ressaltou a necessidade de que, mesmo assim, a esquerda não perca a identidade.
"O que eu reivindico e sugiro é que haja mais concretude no programa. Para que a imensa maioria do povo se reconheça no que vai acontecer. Porque o povo já se reconhece no legado. Ele já sabe que o Lula foi melhor para a imensa maioria do que o Bolsonaro. Isso o povo já sabe, agora falta esse ingrediente que é o desafio do segundo turno."
Dino também acredita que Ciro Gomes e Simone Tebet não devem apoiar Jair Bolsonaro (PL).
"Tanto Ciro quanto a Simone – conheço bem os dois – têm muito mais proximidade com a nossa visão de mundo do que com Bolsonaro. Cabe a quem tem a liderança do processo procurar, buscar, dialogar, incorporar itens ao programa de governo. Acho isso muito positivo."
Flávio Dino citou afirmações e temáticas defendidas pelos candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugar e que estão de acordo com as pautas defendidas pela candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, como o ensino em tempo integral e o desenvolvimento da agricultura com respeito ao meio ambiente.
"Eu estou muito animado, acho que vamos conseguir sim esses votos. Nós teremos ampliação de outros estados e nos estados que nós já ganhamos nós também vamos ampliar. Fazendo os movimento certos, não vai ter violência, não vai ter agressividade que impeça aquilo que Salvador Allende mencionou naquele seu último discurso, as generosas alamedas da esperança que ser abrirão novamente ao povo brasileiro."
Edição: Nicolau Soares