AÇÃO

Na Paraíba, projeto realizado por indígenas recupera rio que estava há 40 anos sem vida

Agora, a população que plantava às margens do Rio do Aterro poderá recuperar suas origens graças à revitalização

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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Os Potiguaras foram à ação e criaram o Projeto Águas Potiguara - Reprodução/Instagram

Todos os sábados, desde janeiro de 2021, membros das aldeias Alto do Tambá e Forte, na Paraíba, se reúnem para uma missão ancestral: recuperar o Rio do Aterro. Esse rio, que já foi a única fonte de água do Povo Indígena Potiguara, sofreu com assoreamento ao longo dos anos e ficou sem vida. Assista.

O assoreamento ocorre quando há um acúmulo de materiais dentro do rio, impactando o leito e impedindo o fluxo da água. Como as promessas da revitalização do manancial não foram cumpridas, os Potiguaras foram à ação e criaram o Projeto Águas Potiguara.

Na prática, os voluntários retiram do rio a lama e a aninga, uma espécie de planta aquática que chega a 4m de altura e obstrui a passagem da água. Poran Potiguara, engenheiro florestal e liderança da Aldeia Alto do Tambá, nos conta que uma das causas do assoreamento do rio foi o abandono social.

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“Estamos apenas reproduzindo o que os nossos mais velhos faziam dentro do território, com os próprios rios. Só que, pelo fato de o rio sofrer um abandono social, ele deixou de ser usado como na única fonte de água porque chegou água encanada nas casas, ele deixou de ser usado para tomar banho, para lavar louça, para a própria pescaria e isso fez com que ele fosse ficando abandonado. A população deixou de plantar nas suas margens e o rio, além de todos esses fatores, sofreu na década de 80 uma dragagem que alterou o curso natural do rio e isso fez com que ele fosse um rio reto e começou a assorear”, relatou Poran.

Agora, o Projeto Águas Potiguara já devolveu a utilização social do rio Aterro, que estava obstruído há 40 anos, pelo menos. De acordo com Jeferson Potiguara, voluntário do projeto e residente da Aldeia Alto do Tambá, a prática contribui para a resistência das Comunidades Originárias.

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“É um trabalho gratificante. Não temos remuneração nenhuma, mas eu digo a mim mesmo que a remuneração maior é vermos que estamos contribuindo com a nossa comunidade, trazendo vida para o nosso rio, porque não é apenas um rio, faz parte do nosso cotidiano, da nossa história, da nossa cosmologia então cabe a nós cuidar dele. Então, assim, quando vemos a água fluir limpa, o rio respirando de novo, de certa forma, isso nos enche os olhos. Não tem recurso que pague isso para nós, que somos filhos dessa comunidade e membro desse povo”, afirma Jeferson.

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Segundo o projeto, a expectativa é que até março de 2023 o canal do rio do Aterro esteja totalmente aberto. Mas, para que ele volte a fluir sozinho novamente, vai demorar cerca de 20 anos. Até lá, viveiros de mudas de matas ciliares serão plantadas à margem do rio para que ele consiga manter seu canal aberto sem a interferência de outras espécies, e, assim, continue sendo fonte de vida no território indígena. Para conhecer o Projeto Águas Potiguara acesse as redes sociais @aguaspotiguara.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga