Mais de 20% das candidaturas que aderiram à campanha Agroecologia nas Eleições foram eleitas no último domingo, segundo balanço divulgado ontem (4) pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). No total, 153 candidaturas, das 692 que assinaram a carta-compromisso de apoio à agroecologia e agricultura familiar, conquistaram cargos legislativos em 21 estados e no Distrito Federal, além dos governos do Amapá e do Maranhão, que se elegeram no primeiro turno.
O resultado indica que, das cerca de 1.500 cadeiras legislativas disputadas este ano no país, mais de 10% dos eleitos estão comprometidos com o fortalecimento da agroecologia e da agricultura familiar, sendo 64 deputados federais (equivalente a 12% da Câmara dos Deputados) e 87 estaduais.
Entre os nomes que se comprometeram com a pauta agroecológica estão os de Guilherme Boulos (PSOL-SP), candidato a deputado federal mais votado em São Paulo, Sônia Guajajara (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG), primeiras indígenas eleitas por seus estados, e Duda Salabert (PDT-MG), uma das duas mulheres trans escolhidas para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Os governadores eleitos do Amapá, Clécio Vieira (Solidariedade), e do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), também firmaram a carta-compromisso do movimento.
A campanha Agroecologia nas Eleições 2022 é uma iniciativa de incidência política nas candidaturas aos poderes Legislativo e Executivo federais e estaduais conduzida pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) para promover o diálogo em torno da construção e do fortalecimento das políticas públicas de valorização da agricultura familiar camponesa, dos povos e comunidades tradicionais e da agroecologia.
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Ranking dos estados
“O movimento agroecológico está começando a formar bancadas nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional para defender as propostas da agroecologia e os direitos de trabalhadoras e trabalhadoras do campo, das florestas, das cidades e das águas”, avalia Flavia Londres, integrante da Secretaria Executiva da ANA. “Trata-se de um passo importante no sentido de confrontar o poder da bancada ruralista nos parlamentos”, completa.
Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os estados que escolheram mais candidaturas comprometidas com o setor, com 19 cada. Enquanto a população gaúcha escolheu 13 novos deputados estaduais e seis federais alinhados à causa, os mineiros elegeram nove federais e 10 estaduais que assinaram a carta da ANA.
O ranking comparativo dos 10 estados com mais candidaturas agroecológicas eleitas indica ainda 15, por São Paulo e Bahia, 13, pelo Rio de Janeiro, 11, pelo Paraná, nove, por Pernambuco e Ceará, seis, por Santa Catarina, e cinco pelo Espírito Santo. Outras 323 candidaturas (46% do total de adesões) foram escolhidas como suplentes dos legislativos estaduais e federal.
Desempenho dos mandatos
“Avaliamos como uma grande vitória o comprometimento de tantos parlamentares e vamos acompanhar o desempenho dos mandatos, buscando ampliar o número de políticas públicas e o volume de recursos destinados à produção agroecológica no país”, comenta Flavia.
O balanço da ANA indica também que 38% das eleitas comprometidas com a agroecologia são mulheres e 61% são homens. Do total, 30% se identificam como negros ou pardos, 2% como indígenas, 4% como amarelos e 67% como brancos.
A maioria das candidaturas agroecológicas eleitas pertence ao PT (70% do total), seguido do PSOL (15%), PCdoB (5%) e outros (10%).
Entre as candidaturas aos Executivos estaduais que ainda podem ser eleitas em segundo turno, se comprometeram com a agenda agroecológica Eduardo Braga (MDB-AM), Rodrigo Cunha (UB-AL), Renato Casagrande (PSB-ES), Jerônimo Rodrigues (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Décio Lima (PT-SC). Das 224 candidaturas aos governos estaduais, 43 aderiram à carta-compromisso da ANA, o equivalente a 19% do total.