Política para mim é um meio de mudar a sociedade para melhor
Política é coisa de criança? A edição de hoje (5) do Radinho BdF prova que sim, apresentando meninos e meninas de diversas partes do Brasil que arregaçam as mangas para fazer política e propor ações e projetos de lei que ajudam a melhorar a vida das pessoas.
No grêmio da escola, em reuniões para discutir planos de governo ou até na Câmara dos Deputados, crianças e adolescentes mostram que a responsabilidade dos eleitores não terminou com a votação, no último domingo (2). Pelo contrário, ela acabou de começar!
“Para mim, as crianças têm um olhar mais amplo para tudo e conseguem perceber certos problemas que os adultos não veem”, diz Ana Luísa Batista Splenger, que tem 11 anos. “Política para mim é poder mudar a sociedade para melhor, poder fazer a diferença e melhorar não só a sua vida, mas a das outras pessoas.”
Ela acredita tanto na política como uma forma de melhorar o mundo que se candidatou e foi eleita vereadora mirim da cidade onde mora: Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Toda semana, ela e outras crianças e adolescentes se reúnem para apresentar, discutir e votar propostas e projetos de lei, que depois são encaminhados para os vereadores adultos.
Alguns deles já estão em discussão e podem virar projetos de lei de verdade. “Dois requerimentos mirins foram encaminhados para vereadores da cidade e eu tive a honra de um deles ser meu: eu pedi para que a faixa de pedestre em uma ponte da cidade fosse ampliada, para as pessoas terem mais segurança”, disse o vereador mirim de Jaraguá do Sul, Rafael Hasse, de 13 anos.
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E se a criançada por aí tem boas ideias para melhorar a sociedade, mas não há um projeto específico para elas participar do legislativo municipal, a dica é fazer como o Vitor Augusto Fonseca, que tem 11 anos, mora em Goiânia: ele encaminhou sua proposta de projeto de lei para o Plenarinho, o canal de comunicação infantil da Câmara Federal que permite que crianças de todo país atuem como parlamentares e enviem suas propostas para os deputados adultos.
Elas serão analisados por e podem virar leis de verdade. “É o que está acontecendo com dois projetos: um que propõe a implantação do ‘Abril Vermelho’, mês para prevenção da hipertensão arterial; e outro para distribuir absorventes para meninas de baixa renda”, conta Vitor. “O meu projeto trata sobre a implantação de protocolos de biossegurança no transporte público, com disponibilização de máscaras e álcool em gel”.
Política na escola
Uma maneira de fazer política é discutir ideias com amigos e familiares para resolver problemas comuns. Pode ser em casa, no bairro e no colégio. Essa foi a ideia de alunos das escolas Pueri Domus, de São Paulo, Carolina Patrício, do Rio de Janeiro, Sphere International School, de São José dos Campos (SP) e Pueri Candanguinho, de Brasília. Eles organizaram e participaram de uma conferência para pensar juntos soluções para problemas globais, chamada SEBMUN, que uma simula a Assembleia Geral da ONU.
“Reunimos 200 estudantes para discutir causas e consequências de problemas globais, como a crise de refugiados, o futuro do trabalho e os efeitos da globalização. Estou no comitê de erradicação da pobreza e é bem legal fazer acordos para chegar em uma solução”, conta Gabriela Lobo, que tem 16 anos, e mora no Rio de Janeiro. “Para mim, discutir temas com alunos de outras regiões é muito interessante porque posso analisar como cada comunidade tem também diferentes pontos de vista”, diz Sarah, quem 14 anos e mora em São José dos Campos.
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Os alunos também podem se mobilizar para cobrar melhorias para a escola, seja para prédio ou até para a qualidade do ensino. Foi o que fez o João Percassi, de 8 anos, que mora em São Paulo e faz parte da chapa eleita para o grêmio estudantil da escola onde estuda.
“Nossas principais propostas foram consertar as redes da quadra, de vôlei e dos gols, e incentivar a reciclagem e o cultivo de plantas”, diz. “Eu decidi assumir essa responsabilidade porque queria aumentar o tempo do recreio, que ainda não conseguimos, e também para dar voz para as crianças, para não ser como em uma ditadura.”
Programas de governo feito por estudantes
O Radinho BdF foi até o 6o Congresso de Jornalismo de Educação, realizado em São Paulo, para conhecer de perto os alunos da escola Atheneu Sergipense, que fica em Aracaju, capital do Sergipe. Eles se mobilizaram para sabatinar os candidatos ao governo do estado e elaborar com eles os projetos de governo para Educação, para os próximos quatro anos.
“A gente estudou sobre a Constituição e gravamos conteúdos com candidatos a diversos cargos, para debater com eles políticas para infância, juventude, educação e meio ambiente”, conta Renata Aragão, que tem 17 anos e participa do projeto. “Depois começamos a sugerir propostas para os candidatos. Pra isso, nós elaboramos uma cartilha para orientar as propostas para educação. Eu aprendi que política pode melhorar vida das pessoas. Ela é um agente transformador.”
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Música e brincadeiras
O assunto é sério, mas o episódio vem cheio de brincadeiras e músicas para divertir a criançada. A Vitrolinha Bdf sobe o som para “A Maior Palavra do Mundo”, do Tom Zé, “Menino Mimado”, do Criolo e “Anunciação”, do Alceu Valença.
Na hora da história, Márcia Marçal empresta a voz para “Quem manda aqui?”, um livro de Larissa Ribeiro, André Rodrigues, Paula Desgualdo e Pedro Markun, publicado pela Companhia das Letrinhas.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].
O material é produzido pela equipe do Brasil de Fato e conta com aconselhamento de Juliana Doretto, professora da PUC de Campinas que estuda como as crianças e jovens aparecem nas notícias.
Edição: Camila Salmazio