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Para estimular a economia, Lula vai dialogar com todos os governadores e prefeitos, se eleito

Ex-presidente recebe integrantes de coligação e novos apoiadores em evento em São Paulo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ex-presidente se reuniu com aliados de várias partes do país na tarde desta quarta-feira (5) - Ricardo Stuckert

Em encontro com dezenas de aliados políticos, que já estavam na campanha no primeiro turno ou anunciaram adesão após o último domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (5) que pretende chamar governadores e prefeitos de cidades de todo o país para o diálogo caso seja eleito, como forma de ajudar a estimular a economia e, em última instância, proporcionar emprego e renda ao trabalhador.

Lula afirmou que pretende reunir, inclusive, políticos de oposição que tenham mandatos. Em clara alusão ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que ignorou o diálogo com governadores que não faziam parte de sua base de apoio, ele disse que terá postura distinta.

"Quando você ganha as eleições para presidente você não ganha um mandato pra dono do Brasil, você ganha quase um papel de síndico. Você não tem que administrar seus interesses, e sim os interesses da sociedade", afirmou.

Na reunião, após ouvir as falas de alguns dos aliados, que vieram de todas as partes do país, Lula afirmou que trabalha para voltar ao Planalto com a disposição de trabalhar mais e fazer mais que fez no período em que esteve na presidência anteriormente.

"Vamos voltar a fazer o Minha Casa, Minha Vida. O BNDES vai voltar a colocar dinheiro pra fazer a economia funcionar. Emprestar pra pequena e média empresa, empreendedor individual, uma pessoa que quer fazer uma oficina de bicicletas, uma padaria, um salão de beleza. Só tem sentido eu voltar pra fazer mais do que eu fiz", destacou.

Campanha

O candidato petista disse, ainda, que pretende percorrer o país nas próximas semanas, antes da votação do segundo turno, marcada para o próximo dia 30. Ele afirmou que deseja visitar estados que considera "difíceis", como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, onde Bolsonaro teve mais votos no primeiro turno.

"Era impensável imaginar que em Santa Catarina a gente teria alguma chance, que a gente lia na imprensa que é o estado mais bolsonarista. A gente conseguiu ir pro segundo turno lá. Pretendo fazer outro comício, fiz o maior comício da história de Santa Catarina e vamos repetir". 

"O povo quer comer, o povo quer emprego, o povo quer trabalhar. O povo quer as coisas que sempre quis nesse país. Como se explica o estado de Mato Grosso ter 30 milhões de cabeças de gado, 3 milhões de habitantes e uma mulher ficar na fila do açougue para pegar um osso?", completou.

Aliados de norte a sul

No encontro desta quarta, Lula reuniu-se com aliados que já faziam parte da coligação que o lançou candidato à presidência neste ano, mas também recebeu integrantes de outras legendas que se uniram à campanha neste segundo turno. A data é emblemática: neste 5 de outubro se completam 34 anos da promulgação da Constituição Federal de 1988.

"É um dia histórico, essa reunião com todos e todas vocês. Pessoas com grande espírito público, experiência, vindo do Brasil inteiro. É um dia histórico, 34 anos da constituição. Estamos aqui para fazer valer as palavras de Ulysses Guimarães, para que continuem ecoando como alerta para toda a população brasileira", disse o candidato a vice-presidente na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB).

Eleito governador do Amapá em primeiro turno, Clécio Luís (Solidariedade) disse que os apoiadores de Lula nos estados onde não haverá segunda rodada da disputa estadual devem trabalhar para garantir que a abstenção de votantes não suba. Ele também falou sobre as expectativas para a região amazônica em um eventual governo Lula.

"Tem um consórcio interestadual de desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal, e nós queremos ver o Brasil discutir a Amazônia a partir de quem mora na Amazônia. Precisamos ter discussão séria sobre a preservação, mas também o desenvolvimento, geração de emprego", pontuou.

Também presente à reunião, a governadora do Piauí em fim de mandato, Regina Sousa, foi uma das que destacou o grande volume de votos que Lula obteve no Nordeste, mas disse que é necessário organização para tentar ampliar a margem.

"Onde estão os votos que a gente pode conquistar? Estão na abstenção, nos votos do Ciro [Gomes, PDT] e da Simone [Tebet, MDB]. Ciro e Simone não têm tempo de televisão [no segundo turno]. Sugiro que cada partido faça um apelo a seus filiados pra chamar pra responsabilidade e correr atrás dos votos. Tem espaço para aumentar muito os votos do Nordeste", destacou.

Entre as outras lideranças políticas que se reuniram com Lula e demonstraram nesta quarta estavam os senadores Giordano (MDB-SP), Kátia Abreu (Progressistas-TO), Fabiano Contarato (PT-ES) e Carlos Fávaro (PSD-MT), que, inclusive, confirmou reunião de integrantes de seu partido com Lula para esta quinta (6).

"Eu venho de um estado eminentemente agrícola, mas, por incrível que pareça, 600 mil pessoas passam fome em Mato Grosso. De que serve tanta fartura se o povo passa fome? E saber que esse número é muito pior quando levamos esse Brasil afora. De que serve essa riqueza se não podemos trazer pro povo brasileiro? É isso que me motiva estar aqui, para resgatar a dignidade do povo brasileiro", disse Fávaro.

"Pela primeira vez haverá um debate do Bolsonaro com nosso campo. Em 2018 não houve, em 2022 também não. Ele se escondeu. A verdade é que o Bolsonaro morre de medo do Lula. Disputar legado é muito importante, mas precisamos falar em propostas. Para além do rótulo, a gente precisa dar conteúdo ao rótulo", complementou o ex-governador e senador eleito Flávio Dino (PSB-MA).

Edição: Rodrigo Durão Coelho