O transporte de microrganismos por drone facilitará o processo de entrega das amostras em um tempo
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília está testando o transporte de material biológico por drones para o combate à covid-19 e tuberculose. Caso o projeto tenha bons resultados, a ferramenta poderá auxiliar o trabalho de laboratórios e até mesmo o transporte de órgãos humanos.
O projeto, desenvolvido em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), a startup H4ndsLab e o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), “tem potencial para transformar a forma como é feita a logística deste tipo de conteúdo no Brasil. Em um país continental, com diferenças de terrenos e transportes, realizar este tipo de deslocamento é um marco”, afirma Wagner Martins, coordenador do Laboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da Fiocruz Brasília.
Atualmente, “problemas logísticos na entrega das amostras podem levar a demora da chegada nos laboratórios, perda da qualidade das amostras e atraso na liberação dos resultados”. Nesse sentido, “para que os resultados laboratoriais sejam liberados em tempo oportuno, tanto para a tuberculose, quanto para a covid-19, é fundamental que as amostras cheguem ao laboratório com a maior brevidade possível”, afirma Martins.
De acordo com o pesquisador, nos testes feitos até o momento, o drone percorreu 8,2 quilômetros em 16 minutos, sem carregar nenhuma amostra, e os custos foram reduzidos em 28% quando comparados ao transporte terrestre.
“A pandemia de Covid-19 evidenciou a necessidade de ampliação da estratégia, de modo a identificar variantes do novo coronavírus de maneira rápida e precoce”.
Nesse caminho, “o transporte de microrganismos por drone facilitará o processo de entrega das amostras em um tempo ágil para que a ação seja feita. Por isso, a gente vem associando a vigilância genômica ao componente de inteligência epidemiológica da plataforma de inteligência cooperativa com Atenção Primária à Saúde” – o primeiro contato entre os brasileiros e a Rede de Atenção do Sistema Único de Saúde (SUS), onde as famílias têm acesso a serviços que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde.
“Agora, o projeto vai para a fase de experimentação na Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde (Picaps), uma parceria entre a Fiocruz Brasília e UnB, no núcleo da inteligência epidemiológica.”
“A ideia é testar o uso de drones no serviço de saúde pública com a organização do sistema de vigilância genômica do DF para monitoramento de casos de tuberculose associados à Covid-19 nos territórios”, afirma Martins. Para isso, o laboratório do Núcleo de Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina da UnB, coordenado pela professora Fabíola Zucchi, vai cuidar das análises genéticas dos micro-organismos.
Edição: Rodrigo Durão Coelho