Brincar é coisa séria. Além de ser um direito das crianças é também a principal atividade delas, já que brincar é essencial para o desenvolvimento pleno e saudável de meninos e meninas. Brincando, as crianças praticam valores, compreendem o mundo, mediam conflitos, colaboram, convivem com o diferente, solucionam problemas, descobrem as potências e os limites do seu próprio corpo, pesquisam, despertam o olhar criativo e sobretudo, aprendem o que do mundo interessa a elas.
Além de ser uma oportunidade constante de aprendizado, brincar também é uma estratégia importante para fortalecer a cultura de paz, um conjunto de práticas e ações que ajudam crianças e adultos a resolver os conflitos de uma forma não violenta e a atuar no mundo a partir de valores de empatia, tolerância, respeito às diferenças e sustentabilidade ambiental.
E para lançar luz a esse tema, o Brasil de Fato e a Aliança pela Infância produziram um podcast especial sobre infâncias, que marca a Semana da Infância e Cultura de Paz.
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“Para brincar, precisamos garantir um ócio, precisamos ter espaços vazios. Brincar nasce desse vazio, que dá espaço para a imaginação. Nesse sentido brincar alimenta a cultura da paz, porque cria bases para que novos mundos floresçam”, diz a pedagoga Alexandra Contocani, uma das fundadoras do Coletivo Oquecabeaqui?, que promovem atividades de arte, cultura e livre brincar para crianças e adultos.
Brincar como descoberta do mundo
O físico Albert Einstein já dizia que “o brincar é a mais alta forma de pesquisa”. Isso porque, além de ser uma atividade lúdica, o brincar é um meio pelo qual as crianças fazem experiências: brincando elas experimentam, testam hipóteses e confirmam teorias.
“O brincar é um espaço de livre imaginação, onde pode encontrar nova formas de se reacionar com o mundo e com o outro. É a linguagem da criança. É a forma de ela dizer o que pensa e quem é”, pontua Alexandra. “Se a criança não tiver com uma tela na mão, ela está brincando. No mercado, em uma fila, em qualquer lugar. Elas tem essa capacidade de olhar para um graveto e uma folha e transformá-los em brinquedos.”
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Por isso, é importante que adultos incentivem o chamado livre brincar, momento em que as crianças conduzem suas próprias brincadeiras, sem interferências, a partir de elementos e objetos que elas julgam interessantes naquele momento.
“As crianças estão com menos oportunidades de tempo e de espaço para brincar, em especial quando falamos de espaços públicos. Por isso é importante não instrumentalizar a brincadeira nem preencher o tempo das crianças com muitas agendas. É preciso respeitar o tempo da criança em seu modo de ser e existir”, pontua a pedagoga Taís Froes, responsável pelo quintal brincante Oca Infância Viva, em Salvador.
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Brincar também é para adultos
A brincadeira é algo fundamental em todas as fases da vida, inclusive entre adultos. A prática apenas se adapta às diferentes fases de desenvolvimento. As crianças pequenas, por exemplo, conhecem o que há no mundo por meio da brincadeira. Conforme elas vão crescendo, vão atribuindo significados ao objetos e vão ganhando novos usos e sentidos, por meio da imaginação.
“Na vida adulta o brincar é fundamental: reconhecer a possibilidade de ver o mundo de maneiras diferentes, olhar para as situações e rir delas, entender que algo diferente pode acontecer, isso é fundamental o tempo todo. Nós, adultos, temos que lutar pelo direito à brincadeira”, diz Alexandra.
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Estar com as crianças também é uma atividade fundamental para que adultos pratiquem e exercitem o brincar no seu dia a dia. “Na relação com as crianças, os adultos vão se reconhecendo como um ser brincante, vão retomando memórias do corpo, vão retomando espaços e isso é muito importante para a nossa felicidade”, diz Tais.
Edição: Rodrigo Durão Coelho