O presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto impondo a lei marcial nos territórios anexados das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, e nas regiões ocupadas de Kherson e Zaporozhye.
Em reunião por videoconferência do Conselho de Segurança da Federação Russa nesta quarta-feira (19), que foi transmitida ao vivo pela televisão estatal, Putin explicou que um estado de guerra já estava em vigor nesses territórios antes mesmo de "se juntarem à Rússia".
"Agora precisamos formalizar esse regime já dentro da estrutura da legislação russa. Portanto, assinei um decreto sobre a introdução da lei marcial nesses quatro territórios da Federação Russa", disse Putin.
O presidente russo também anunciou que os chefes das regiões anexadas receberão poderes adicionais para garantir a segurança dos cidadãos e das infraestruturas das cidades.
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De acordo com o decreto publicado no site do Kremlin, será criada uma "defesa territorial" nas regiões anexas e um "nível médio de resposta" será introduzido em mais oito regiões fronteiriças aos territórios anexados. Os distritos federais Central e do Sul adotaram um "nível de alta prontidão".
Ao explicar os motivos da decisão de impor a lei marcial nos territórios anexados, Putin argumentou que a Ucrânia "rejeita qualquer proposta de negociação". De acordo com ele, "os bombardeios continuam". "Eles enviam grupos de sabotagem para nosso território", disse ele, mencionando a explosão na ponte da Crimeia, que Moscou já havia atribuído aos serviços especiais ucranianos.
Rússia tem dificuldades militares em regiões anexadas
As regiões parcialmente ocupadas de Kherson, Zaporozhye, Donetsk e Lugansk, foram anexadas pela Rússia no início de outubro. Em 30 de setembro, o presidente Vladimir Putin assinou tratados sobre a adesão das regiões e, em seguida, o parlamento russo adotou leis constitucionais sobre a inclusão oficial dos territórios ao país.
No entanto, o processo de anexação ocorre em meio a uma contraofensiva do exército ucraniano que recuperou alguns territórios ocupados por Moscou nos últimos meses e forçou as tropas russas a recuarem da região de Kharkov. Em particular, em um dos territórios anexados pela Rússia, em Kherson, as autoridades locais anunciaram a evacuação de pessoas e funcionários da região da margem direita para a margem esquerda do rio Dnieper.
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"Aproximadamente, calculamos que planejamos mover 50-60 mil para a margem esquerda e mais adiante, quem quiser, para outras regiões da Federação Russa", disse Vladimir Saldo, chefe da administração de ocupação da região de Kherson. Segundo ele, mais de cinco mil pessoas já deixaram Kherson nos últimos dois dias.
Foi relatado no início de outubro que unidades ucranianas romperam as defesas russas na margem direita do Dnieper e começaram a avançar na direção de Berislav e da barragem da usina hidrelétrica de Kakhovskaya. O cenário criou a ameaça de cerco às tropas russas estacionadas em Kherson.
Edição: Arturo Hartmann