Reação

Associação de Juízes condena "atos criminosos" de Roberto Jefferson contra Judiciário e PF

"É necessário mais uma vez deixar claro que liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão", diz Ajufe

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Desde 2020 Roberto Jefferson (PTB) e Jair Bolsonaro (PL) alimentam uma relação com elogios mútuos - Reprodução/Twitter

O ataque do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) a agentes da Polícia Federal (PF) provocou repúdio oficial de mais um segmento nesta segunda-feira (24). Em nota pública divulgada à imprensa, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), que representa a magistratura federal brasileira, condenou a conduta do político durante a abordagem de agentes da PF que cumpriam mandado de prisão na casa de Jefferson, no domingo (23), na cidade de Comendador Levy Gasparian (RJ).

Sem citar nominalmente o aliado político do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), a Ajufe disse ter "profunda preocupação com os atos criminosos”. "É preciso que se respeite a independência do Poder Judiciário, princípio fundamental de nossa Constituição, inclusive e especialmente o cumprimento de suas decisões, cuja impugnação deve ocorrer através dos meios e recursos próprios, previstos em nosso ordenamento. Além disso, é necessário mais uma vez se deixar claro que liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão ou de se espalhar pensamentos inverídicos e desconexos da realidade", disse a entidade, que já havia repudiado também o que chamou de "ataques injustificáveis e inaceitáveis" por parte de Jefferson à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A associação disse reprovar a conduta de réus e condenados pela Justiça que se recusem a cumprir decisão judicial da Corte e, "de forma covarde e premeditada", atentem contra a vida de agentes públicos que estejam cumprindo sua função.

"A magistratura federal confia se tratar os fatos do último final de semana de situação isolada e que a população brasileira, com os ânimos serenos que sempre marcaram nosso povo, seguirá na luta pela efetiva democracia em nosso país, inclusive no pleito eleitoral que se aproxima, garantida a sua lisura pela Justiça Eleitoral, como é marca de nossa história, e sempre se avançando para a construção de uma sociedade mais justa, plural e solidária", acrescenta a associação.

Agressão à PF

Parceiro de primeira hora do chefe do Executivo, Roberto Jefferson recebeu ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no domingo (23) por ter desacato normas da prisão domiciliar a que está submetido desde janeiro deste ano. Ele foi preso inicialmente em agosto de 2021 por conta do constante incentivo a ações de ataque à Corte, mas havia sido beneficiado depois pela prisão domiciliar por motivos de saúde.

Ao ser alvo de agentes da PF que foram até a sua residência para executar a prisão no fim de semana, o ex-deputado disparou contra os policiais e acabou ferido dois deles. A atitude gerou uma avalanche de manifestações de repúdio, incluindo de nomes como os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), parlamentares de diferentes colorações políticas, atores da sociedade civil, entre outros.

Edição: Thalita Pires