trapalhada

Rádio que teria feito "denúncia" ao TSE afirma que partido de Bolsonaro não enviou propagandas

Rádio JM, de Uberaba (MG), publicou na tarde desta quarta (26) nota afirmando que erro, se houve, foi do PL

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Bolsonarista, proprietária da rádio postou foto com adesivo de campanha ao lado da primeira dama, Michelle Bolsonaro - Reprodução/Instagram

A "denúncia" de que a campanha de Jair Bolsonaro (PL) estaria sendo boicotada por emissoras de rádio sofreu mais um revés na tarde desta quarta-feira (26). A Rádio JM FM, de Uberaba (MG), citada em uma suposta "autodenúncia" de que teria deixado de veicular inserções da candidatura entre os dias 7 e 10 de outubro, afirmou em nota enviada ao Brasil de Fato que a falha foi do próprio partido do candidato.

Segundo a nota, no primeiro turno a rádio estava recebendo, "diretamente dos partidos e coligações", os mapas de mídia e materiais para veiculação na programação diária. Porém, quando teve início a propaganda dos candidatos para o segundo turno, as inserções "de uma das campanhas" deixaram de ser enviadas.

A situação foi detectada, segundo a emissora, no dia 10. Na mesma data, a Justiça Eleitoral teria sido procurada por telefone para orientações. Além disso, o PL também teria sido acionado para que o material voltasse a ser encaminhado por e-mail - providência que teria sido adotada pelo partido a partir de então.

A situação ganhou contornos de denúncia nesta semana, depois que o ministro das comunicações, Fábio Faria, e o o secretário-executivo da pasta, Fábio Wajngarten, foram à imprensa para denunciar suposto favorecimento à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por parte de emissoras de rádio, especialmente na região Nordeste.

Nesta quarta-feira, o servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre Gomes Machado procurou a Polícia Federal (PF) para denunciar que teria sido exonerado após repassar a superiores uma denúncia que recebeu vinda da rádio mineira (que ele identificou inicialmente como JM Online). Por e-mail, a emissora teria informado que deixou de veicular 100 inserções da campanha bolsonarista.

"Faltando uma semana para o término das eleições, e diante da ausência de orientação da Justiça Eleitoral sobre eventual necessidade de reposição das inserções não veiculadas, a emissora houve por bem formalizar a consulta ao egrégio Tribunal Superior Eleitoral, reiterando por escrito o PEDIDO DE ORIENTAÇÃO sobre como deveria proceder, se repondo as inserções que faltaram e de que forma. No entanto, até a presente data  a emissora não obteve a resposta que busca desde o dia 10 de outubro, infelizmente", diz o texto enviado pela rádio ao Brasil de Fato.

"Lamentamos que o assunto tenha motivado um debate político acirrado e absolutamente desproporcional sobre um questionamento que poderia ter sido resolvido com a simples resposta pedida pela emissora, que assim o fez baseada no princípio da boa-fé e transparência", continua a nota.

O novo posicionamento da rádio enfraquece a nova narrativa bolsonarista de desfavorecimento por parte do TSE. Mais cedo, o Tribunal publicou nota em que afirma que o servidor foi retirado do cargo após "reiteradas práticas de assédio moral, inclusive por motivação política". Leia aqui a íntegra da nota.

Edição: Nicolau Soares