O Grupo Tortura Nunca Mais cobrou que a Ouvidoria das Polícias de São Paulo acompanhe a investigação da morte de Felipe Silva de Lima, 27 anos, ocorrida no último dia 17 durante ato de campanha do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) em Paraisópolis. Integrantes da organização de direitos humanos enxergam a possibilidade de execução já que não há sinais de confronto.
"A Polícia Civil já teria condições de ter esclarecido. Na verdade, parece que ocorreu uma execução, sem confronto nenhum, de um jovem que, junto com um outro, passava pelo local. Diante da execução [a polícia] teria criado um factóide de intimidação ou atentado ao candidato. Está parecendo ter sido uma grande farsa", afirma Ariel de Castro Alves, presidente do Tortura Nunca Mais, em entrevista à Ponte Jornalismo.
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Alves também reforçou que falta transparência por parte da Polícia Civil sobre o que ocorreu no dia da visita do candidato ao bairro já que pouco foi divulgado sobre o andamento das investigações. Além disso, o Tortura Nunca Mais lembra que a polícia não esclareceu até hoje se o rapaz que foi morto estava armado ou não.
"O que temos até agora é um crime comum. O homicídio do rapaz, sem confronto e desarmado. E o crime político, da tentativa de criar uma farsa de um atentado inexistente", completa Alves.
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Em comunicado enviado à Ponte, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo afirmou que vai pedir à Polícia Civil as conclusões sobre o caso e que requisitou informações detalhadas das investigações em curso. Cópias de possíveis imagens captadas por meio de Câmeras Acopladas aos Policiais (COPs) também foram solicitadas, segundo a ouvidoria.
A campanha de Tarcísio de Freitas não se pronunciou sobre a morte de Renato Lima quando questionada pela Ponte. A secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) não respondeu também.
Relembre o caso
O episódio em Paraisópolis, zona Sul da capital paulista, voltou ao noticiário após reportagem da Folha de S. Paulo revelar que integrantes da campanha de Tarcísio orientaram cinegrafistas da Jovem Pan News a apagarem imagens registradas no dia.
Segundo especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, a equipe de Tarcísio pode ter cometido um crime ao pedir que as gravações fossem deletadas pelos jornalistas que realizavam a cobertura.
Sobre isso, a campanha de Tarcísio se defende afirmando que o episódio foi retirado de contexto. "Foi pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido."
Edição: Vivian Virissimo