Policiais à paisana que realizavam a segurança do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) teriam matado a tiros Felipe Silva de Lima, de 28 anos, em Paraisópolis no último dia 17. É o que afirmam quatro testemunhas ouvidas pelo site jornalístico The Intercept Brasil.
Em reportagem publicada na quinta-feira (27), repórteres relatam que foram até a comunidade, localizada na zona oeste da capital paulista, e ouviram de moradores uma nova versão que contraria a narrativa do boletim da polícia e também do próprio candidato ao governo do Estado de São Paulo. As testemunhas tiveram suas identidades preservadas.
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Segundo os depoimentos, Felipe Silva de Lima e um outro homem, identificado como Rafael, se aproximaram de moto a um segurança da campanha de Tarcísio (policial à paisana) que estava a 100 metros do prédio onde estava o candidato. Felipe e Rafael teriam dito: "A comunidade não quer vocês aqui, vão embora". Após isso, Felipe e Rafael se deslocaram para a esquina da rua. Então, rajadas de tiro de metralhadora foram ouvidas distante do local do evento. As testemunhas reforçam que, no primeiro momento, nenhum disparo foi feito na direção da equipe de Tarcísio.
Após a rajada, Felipe e Rafael retornaram de moto para falar novamente com a equipe de segurança e foram recebidos a tiros. Um deles atingiu Felipe no peito e Rafael conseguiu correr e fugiu. Foi então que criminosos locais que estavam na esquina voltaram armados para tentar resgatar o corpo de Felipe. O tiroteio cessou cinco minutos depois, com a chegada de policiais militares fardados.
O confronto envolvendo policiais à paisana em Paraisópolis voltou a ter destaque durante a campanha após publicação no jornal Folha de S.Paulo de um áudio em que um agente licenciado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), integrante da equipe de Tarcísio, orienta um cinegrafista da Jovem Pan News a apagar imagens. A ordem de Fabrício Cardoso de Paiva para deletar as imagens pode ter prejudicado a elucidação do caso.
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O que diz o BO
O Boletim de Ocorrência lavrado pela Polícia Civil que descreve o episódio informa que um dos policiais foi até a rua Manoel Antônio Pinto, onde o corpo do jovem estava e retirou uma lista de objetos do local, modificando a cena do crime antes da chegada da perícia.
Ainda de acordo com o boletim, quatro homens, divididos em duas motos, passaram duas vezes na frente ao Polo Universitário Paraisópolis e questionaram quem havia autorizado o evento no local. O boletim não informa qual foi a resposta para a dúvida dos motociclistas.
Na sequência, rajadas de tiros foram escutadas na região, de acordo com o BO. Os policiais desceram para a rua Manoel Antônio Pinto e teriam trocado tiros com os quatro rapazes. Ou seja, Lima pode ter sido assassinado por um dos agentes que estavam à paisana.
Apesar de a PM e seguranças de Freitas alegarem que os motociclistas estavam armados, não foi localizada nenhuma arma no local, nem próxima do corpo de Lima.
A versão de Tarcísio
Inicialmente, a campanha de Tarcísio chegou a dizer que sua equipe e ele foram vítimas de um atentado, mas depois voltou atrás. Sobre o relato das testemunhas, a campanha do candidato do Republicanos afirmou que a polícia é quem deve investigar o episódio e que não detalharia informações sobre a segurança do candidato.
Edição: Vivian Virissimo