Com 52,5% dos votos válidos e 97% das urnas apuradas, Jerônimo Rodrigues (PT) é matematicamente eleito governador da Bahia no segundo turno das eleições. O petista, que é o primeiro candidato autodeclarado indígena a conquistar o cargo no país, derrotou ACM Neto (União Brasil), político que representa a oligarquia carlista na região.
Jerônimo assume em 2023 consolidando a preferência do povo baiano pelas gestões do Partido dos Trabalhadores no governo, que nos últimos 16 anos foi encabeçado por Jaques Wagner e Rui Costa.
Candidatura desafiadora
A escolha de Jerônimo para disputar a chapa para o governo foi feita este ano às pressas. Jaques Wagner, que governou a Bahia entre 2007 e 2014 e foi eleito para o Senado em 2018, despontava como o favorito dos petistas para o cargo.
No entanto, para manter a unidade com os partidos aliados, o PT optou por manter Wagner como senador e lançar a candidatura do, até então, secretário de educação de Rui Costa. Como analisou o cientista político Renato Francisquini em entrevista para o Brasil de Fato, "o desafio para a campanha do PT no estado, portanto, era duplo: tornar o nome de Jerônimo conhecido e associá-lo ao ex-presidente Lula".
Campanha ganhou fôlego
Boa parte das pesquisas iniciais no primeiro turno apontavam ACM Neto com ampla margem de vantagem em cima de Jerônimo Rodrigues. A campanha do petista, no entanto, ganhou fôlego do meio para a reta final e o ex-secretário de educação saiu vitorioso no dia 2 de outubro. Dos 415 municípios baianos, Jerônimo foi vitorioso em 352, conquistando 49,45% dos votos contra 40,80% de ACM Neto.
O cientista político Cláudio André de Souza explica que essa trajetória de crescimento é comum às candidaturas do PT ao governo da Bahia. "A grande questão é que, de fato, o PT tem um eleitorado que vai seguindo uma onda pró-Lula que mostra que a candidatura petista pode chegar com muito mais fôlego na reta final. Foi assim em 2006, em 2014, pode ser assim também agora, quando o partido apresenta um nome desconhecido, que nunca foi candidato. Então de fato é como se demorasse mais pra chegar num patamar mais competitivo", afirma, em análise para o Brasil de Fato.
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Na Bahia, Lula venceu em 415 dos 417 municípios; Jerônimo foi vitorioso em 352 localidades
Reforços
No segundo turno, Jerônimo ganhou o apoio do PSOL, que havia indicado Kléber Rosa para a disputa ao cargo. Em encontro com o candidato e Rui Costa, atual governador, o partido também apresentou propostas para serem adicionadas ao programa de governo de Jerônimo.
O resultado do primeiro turno também levou a uma migração de apoios de ACM Neto para Jerônimo. Diversos prefeitos aderiram à chapa petista, abandonando a candidatura do ex-prefeito da capital. Marcus Sarmento (PP), prefeito de Itanagra, região metropolitana de Salvador, deixou claro que o principal motivo para a mudança de apoio foi a votação da primeira rodada do processo eleitoral. Em vídeo com Rui e Jerônimo, o prefeito afirmou: "Fui eleito por um povo e o povo deixou claro no primeiro turno que Jerônimo é o futuro da Bahia e eu não posso ficar fora desse time".
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Histórico
Jerônimo Rodrigues (PT) tem 57 anos e nasceu no povoado de Palmeirinha, em Aiquara (BA). É formado em Engenharia Agronômica com mestrado em Agronomia, ambos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É também professor licenciado da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e compôs a equipe da Secretaria de Planejamento no governo de Jaques Wagner (PT).
Em 2011, Jerônimo foi secretário Executivo Adjunto do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretário Nacional do Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA), secretário Executivo do Programa Pró Territórios/Cumbre Ibero Americana e Assessor Especial do Ministro do Desenvolvimento Agrário. No governo Rui Costa (PT), Jerônimo assumiu a missão de implantar a Secretaria de Desenvolvimento Rural. No segundo mandato de Rui, assumiu a pasta da Secretaria de Educação.
Edição: Nicolau Soares