O presidente argentino, Alberto Fernández, desembarcou na noite de terça-feira (9) na França, a convite do presidente Emmanuel Macron, para participar do 5º Fórum da Paz de Paris, que acontece nos dias 11 e 12 de novembro. Com o lema "Superar a multicrise", o presidente francês pretende travar um diálogo com chefes de Estado sobre medidas de mitigação das consequências socioeconômicas da guerra na Ucrânia.
"Enquanto a guerra na Ucrânia desafia nosso sistema multilateral, expõe nossas interdependências e debilita nossos sistemas energéticos, alimentares e econômicos, necessitamos mais do que nunca fortalecer nossa governança global em torno dos valores da unidade e da solidariedade", pontuou Macron na carta-convite dirigida a Fernández, no início de outubro.
Será o quinto encontro entre os presidentes desde que Fernández assumiu o Poder Executivo na Argentina, em 2019. Na reunião bilateral com Macron, o presidente argentino terá como temas prioritários a capacidade de exportação de alimentos da Argentina; projetos de energias renováveis, entre os quais se destacam o hidrogênio verde como grande investimento recente do país; produção de lítio; e acesso ao crédito de organismos multilaterais para países da América Latina.
Alberto Fernández participa da cúpula também na condição de presidente pro-tempore das Comunidades dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). Nesse sentido, também terá o papel de reforçar que os países em desenvolvimento não devem pagar os custos do esfriamento da economia global.
Fernández participará na sexta-feira (11) do painel "Universalismo desafiado pela guerra na Ucrânia", uma jornada que se estende por todo o dia. À noite, participará de um jantar no Palácio do Eliseu.
A viagem será estendida posteriormente à Indonésia, onde Fernández participará também da Cúpula do G20, em Bali, nos dias 15 e 16 de novembro. O eixo central será a recuperação dos países após o impacto social e econômico da pandemia de covid-19.
América Latina no Fórum da Paz em Paris
Além de Fernández, o presidente colombiano, Gustavo Petro, está entre os chefes de Estado convidados para o Fórum. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará com um discurso gravado em vídeo, que será reproduzido no evento, e o ex-chanceler Celso Amorim consta na lista de palestrantes no site oficial do evento.
Um dos objetivos levantados neste fórum é o vínculo com a Venezuela, motivadas pelo interesse na comercialização do petróleo venezuelano por parte da Europa e dos Estados Unidos. Um primeiro encontro entre o presidente Nicolás Maduro e Emmanuel Macron aconteceu nesta semana, durante a COP27. Na ocasião, Maduro confirmou que enviaria o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, como representante venezuelano no Fórum da Paz.
:: Em busca de petróleo, Ocidente tenta se reaproximar da Venezuela ::
No contexto do Fórum da Paz, a participação da Venezuela tem como foco destravar as negociações entre o governo e a oposição, liderada por Juan Guaidó, com a mediação do México e da Noruega. O ex-prefeito de Baruta, Gerardo Blyde, será o representante da oposição ao governo venezuelano na ocasião.
Criado em 2018 por Macron, o Fórum da Paz de Paris reúne anualmente chefes de Estado e de governos, organizações internacionais, ONGs, fundações, empresas, sindicatos, grupos religiosos e cidadãos.
Edição: Thales Schmidt