Sonegação

Alckmin solicita ao governo Bolsonaro dados sobre desmatamento que estariam represados

Informações podem ser utilizadas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na COP27

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
“A informação é a de que esses números já existem e há necessidade de serem informados”, disse Alckmin - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da equipe de transição, solicitou ao ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os dados anuais de desmatamento da Amazônia e do Cerrado.  

Os dados já estariam nas mãos do governo Bolsonaro, mas seriam divulgados somente após o fim da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP27) no Egito, segundo apuração da Folha de S. Paulo. “A informação é a de que esses números já existem e há necessidade de serem informados”, afirmou Alckmin, em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira (14). 

“Solicitamos que os relatórios completos dos dados do Prodes Amazônia e do Prodes Cerrado, do período de agosto de 2021 a julho de 2022, sejam enviados para que possamos analisar as informações que eles trazem e tomar as medidas necessárias”, disse o vice-presidente.  

A hipótese é que os dados podem ser utilizados pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na COP27, o que poderia gerar incômodo no Palácio do Planalto. 

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) repercutiu a notícia da Folha em seu perfil no Twitter. "Bolsonaro já recebeu do INPE o dado anual de desmatamento da Amazônia, mas só vai divulgar depois da COP27 porque a destruição é recorde. É por isso que Lula será recebido na COP como chefe de Estado e Bolsonaro continuará em seu cantinho, calado e insignificante", publicou. 

Não é a primeira vez que Bolsonaro decide publicar os dados do Inpe após a realização da COP, indo contra uma tradição que vinha se estabelecendo desde 2005, no primeiro governo Lula. No ano passado, os dados só vieram a público após o fim da COP26, que ocorreu na Escócia. Embora a informação sobre o desmatamento na Amazônia estivesse disponível desde 27 de outubro de 2021, o governo Bolsonaro divulgou os dados somente em novembro. 

Além de represar os dados, Bolsonaro também não irá à COP27 neste ano, assim como fez nos anos anteriores.

Desmatamento no próximo governo

Na mesma coletiva, Alckmin afirmou que durante a campanha eleitoral, foram feitas diversas propostas, "desde a fiscalização, recuperação dos órgãos ambientais que foram desmobilizados, praticamente". Nesse sentido, "haverá um esforço muito grande para o Brasil ser o líder, o grande protagonista da questão das mudanças climáticas", disse o vice-presidente.

"Por isso, o presidente Lula está chegando lá no Egito para participar da COP27. (...) Por isso, estamos fazendo esse requerimento pedindo as informações para o governo federal e para o Inpe em relação ao Prodes. Claro que as necessidades orçamentárias, no momento adequado, serão viabilizadas", disse.

Edição: Rodrigo Chagas