A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) promoveu nesta segunda-feira (21), por ordem do governo distrital, uma desocupação na Casa de Referência Ieda Santos Delgado, localizada próximo à estação Feira do Metrô-DF, no Guará, região administrativa do DF. Há pouco menos de um mês, o imóvel foi ocupado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, que transformou o lugar em um espaço de acolhimento e apoio para mulheres em situação de violência doméstica.
"Eles invadiram a casa, sem nenhum tipo de mandado judicial, prenderam e agrediram a Thaís [Oliveira], uma das lideranças, e começaram a fazer a retirada dos móveis e objetos pessoais do local, sem a nossa presença", relatou Samara Mineiro, uma das coordenadoras da casa, que acompanha o caso na Delegacia de Polícia.
O imóvel, que estava abandonado há mais de 10 anos, sem qualquer destinação pública, vinha sendo revitalizado pelo coletivo de mulheres, que chegaram a plantar uma horta orgânica e realizar atividades de formação para mulheres no local.
A Administração Regional do Guará informou que a casa atualmente é objeto de parceria público-privada para a instalação do novo Centro de Convivência do Idoso (CCI), em fase de licitação. O órgão, no entanto, não informou quando esse novo equipamento público será disponibilizado e, agora, o imóvel deverá ser fechado por tempo indeterminado. A ameaça de despejo já havia sido feita na semana passada pelo administrador do Guará, Roberto Nobre da Silva.
A reportagem busca atualizações sobre a prisão de uma das coordenadoras da casa e a retirada de bens pessoais do imóvel, além do posicionamento da Administração Regional.
Saiba mais
A ocupação, é a 13ª do Movimento Olga Benário no país, sendo a primeira no Centro-Oeste, foi batizada de Casa Ieda Santos Delgado, em homenagem à militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) durante a ditadura militar, estudante que se formou em ciências jurídicas e sociais pela Universidade de Brasília (UnB), em 1969. Devido à sua atuação política, que se iniciou ainda no movimento estudantil, foi presa pelo regime em abril de 1974, quando desapareceu. A Comissão Nacional da Verdade concluiu que Ieda foi torturada, morta e enterrada pelos militares.
Segundo as organizadoras da ocupação, o espaço surgiu no vácuo de assistência deixado pelo fechamento da Casa da Mulher Brasileira e da necessidade de acolher as vítimas de violência doméstica no DF. Diariamente, a Casa Ieda realizava programação de oficinas culturais e práticas oferecidas por profissionais voluntários.
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino