O governador reeleito de Rondônia, Marcos Rocha (União), recusou-se a assinar a carta do Consórcio dos Governadores da Amazônia Legal com compromissos pelo desenvolvimento sustentável e preservação ambiental do bioma. "Precisamos da floresta viva", diz trecho do documento.
O documento foi ratificado pelos executivos estaduais e entregue a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a conferência do clima da ONU, a COP27, realizada no Egito. A informação foi divulgada nesta terça-feira (22) pela Folha de S. Paulo.
Alçado a governador na onda bolsonarista de 2018, Rocha é um aliado fiel de Jair Bolsonaro (PL) e foi um dos poucos governadores da Amazônia Legal a não acenar a Lula após o resultado do segundo turno. "Sempre estaremos juntos [com Bolsonaro]", publicou Rocha após a apuração.
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A postura de Rocha é compatível com a política ambiental de seu governo, marcado pelo enfraquecimento das normas ambientais, incentivo ao agronegócio predatório e redução de unidades de conservação. Lula, por outro lado, prometeu "desmatamento zero" na Amazônia.
O governador de Rondônia esteve na COP27, evento marcado por uma guinada na política ambiental brasileira com Lula na presidência. Mesmo assim, não quis endossar a carta que reconhece a emergência das mudanças climáticas e propõe foco na bioeconomia.
Na COP27, Rocha não participou da entrega da carta a Lula. A cerimônia teve a presença de outros governadores bolsonaristas da Amazônia. Entre os que endossaram o documento, estão Gladson Cameli (PP); do Mato Grosso, Mauro Mendes (União); e do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos).
Rondônia teve aumento de 1000% nas queimadas após vitória de Lula
Em Rondônia e no Acre, as queimadas na primeira semana de novembro, logo após as eleições, ultrapassaram os piores números já registrados desde o início da série histórica, em 1998. Os estados deram mais de 70% dos votos a Bolsonaro e reelegeram apoiadores do presidente para governador.
:: Após eleição de Lula, queimadas disparam em redutos bolsonaristas da Amazônia ::
Rondônia fechou a primeira semana do mês com 1302 focos de queimadas, contra 125 no mesmo período de 2021. O aumento foi de quase 1000% entre um ano e outro. O pior início de novembro até então havia sido em 2005, com 1028 ocorrências. O estado é um dos que ainda registram bloqueios golpistas em rodovias. Nesta segunda (21) eram cinco, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
No Acre, 728 focos foram detectados pelo Inpe no acumulado do mês. O número é quase cinco vezes superior ao do início de novembro de 2011, o pior da série histórica, quando 152 queimadas foram registradas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho