O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quarta-feira (23/11) que os ataques dos últimos dias na região da fronteira com a Síria e o Iraque são “apenas o começo” de uma nova postura, mais agressiva, contra grupos curdos que seu governo considera como terroristas.
Segundo a agência ANSA, as forças militares turcas estão realizando operações militares desde domingo (20/11), utilizando aviões, drones e artilharia por terra contra bases usadas pelo grupo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e das Unidades de Proteção Popular (YPG).
Essa ofensiva é uma reação da Turquia a um atentado que ocorreu em Istambul, no dia 13 de novembro, deixando seis pessoas mortas e dezenas de feridos. O governo local assegura que o PKK e o YPG foram responsáveis pela tragédia.
Vale lembrar que o PKK e as YPG lutaram ao lado das forças militares de países ocidentais contra o Estado Islâmico (EI). Uma das bases atingidas pela Turquia no norte da Síria, inclusive, era usada de maneira conjunta entre os curdos e a força internacional liderada pelos Estados Unidos. Os reportes indicam que os ataques turcos já produziram dezenas de mortes curdas nos últimos três dias.
Em sua declaração, o presidente Erdogan disse que a ampliação da ofensiva levará a Turquia a realizar operações com tropas terrestres nos dois países.
“Erradicaremos os terroristas das regiões de Tal Rifat, Manbij e Ayn-al Arab. Aqueles que garantiam que a Turquia não estava enfrentando ameaças de áreas sob seu controle não estão mantendo suas promessas”, disse o mandatário. Nessa declaração, Erdogan se refere claramente aos Estados Unidos, país que controla militarmente essa região.
A ofensiva turca, porém, despertou igual nível de preocupação em Washignton e em Moscou. Ambos os governos reagiram à postura de Erdogan pedindo mais “moderação” por parte de Ancara, segundo a agência ANSA.
Assim como os norte-americanos, a Rússia também teve um papel ativo na guerra da Síria, lutando contra o EI, mas também a favor do atual presidente do país, Bashar al-Assad.
“Entendemos as preocupações da Turquia sobre sua segurança, mas ao mesmo tempo, pedimos que todas as partes se abstenham de qualquer iniciativa que possa desestabilizar a situação. Se abstenham de qualquer uso excessivo da força”, disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
Já o porta-voz do Departamento de Estado de Washington, Ned Price, afirmou que o governo de Joe Biden “se opõe a qualquer ação militar não coordenada que viole a soberania” das duas nações.
Artigo original publicado em Opera Mundi.