O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, escancarou o racha na coligação da campanha à presidência da República de Jair Bolsonaro (PL), nesta quinta-feira (24). Em entrevista à CNN, o dirigente afirmou que seu partido não concorda com a ação que o PL protocolou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo a anulação do segundo turno da eleição.
“Não tenho nada a ver com isso, [a legenda] só está ali por uma formalidade. Eu não fui consultado se era para entrar com essa ação ou não. E, se fosse, teria dito que não. Nós não comungamos dessa opinião”, afirmou Pereira.
A reação do comando do Republicanos acontece horas depois do anúncio da multa de R$ 22,9 milhões, imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, a todos os partidos da coligação que apoiou Bolsonaro, que inclui ainda o Progressistas, por “litigância e má-fé.” O Republicanos não quer ser obrigado a pagar o valor (que carrega o simbolismo de ter o mesmo valor do número do candidato derrotado nas urnas, 22).
Por isso, o Republicanos recorrerá ao TSE, pedindo que a legenda não seja multada. De acordo com Pereira, o PL “fez isso sem ouvir os outros partidos”. O dirigente também lembrou que reconheceu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo dia que o resultado foi anunciado.
Reconheço a vitória do ex-presidente Lula e parabenizo o grande resultado do presidente Jair Bolsonaro. Nós, do Republicanos, vamos manter a coerência e seguir um caminho de independência, aprovando aquilo que for bom para o Brasil e criticando aquilo que for ruim.
— Marcos Pereira (@marcospereira04) October 30, 2022
Além da multa, Moraes determinou o bloqueio e a suspensão dos repasses do fundo partidário às siglas até que a multa seja quitada; além da abertura de um processo administrativo pela Corregedoria-Geral Eleitoral para apurar “eventual desvio de finalidade na utilização da estrutura partidária, inclusive de Fundo Partidário”.
Republicanos é a legenda, também, do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que era ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro e tem se mantido em silêncio, sobre a tese de fraude nas urnas eletrônicas, produzida e difundida por bolsonaristas.
Pressão de Bolsonaro
Correspondentes políticos afirmam que a iniciativa golpista do PL, partido ao qual o atual presidente se filiou para buscar a reeleição, foi motivada por pressão do próprio Jair Bolsonaro.
Mesmo sem trabalhar praticamente desde a derrota em 30 de outubro, ele estaria ligando quase diariamente para Costa Neto, pedindo que o presidente do PL usasse como argumentos para o cancelamento do segundo turno tanto o relatório do Ministério da Defesa como um outro, do instituto Voto Legal, contratado por iniciativa do próprio mandatário atual.
Edição: Rodrigo Durão Coelho