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Mulheres entregam carta ao governo de transição indicando a superação de retrocessos

O encontro abre caminho para o diálogo entre movimentos feministas e a próxima gestão no Palácio do Planalto

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Em 2018, às vésperas das eleições presidenciais, mulheres foram às ruas gritar: “Ele Não” - Foto: Joyce Fonseca
Desde o golpe de 2016 nós mulheres reagimos cotidianamente aos ataques, violações e desmonte

O desmonte de políticas públicas para as mulheres é uma das situações referenciadas em 2016, ano em que a presidenta Dilma Rousseff (PT) sofreu um golpe parlamentar e foi impedida de concluir seu mandato. Esse marco histórico é utilizado pelos movimentos feministas e foi reforçado por Noeli Taborda, da direção do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) em entrevista ao programa de rádio Bem Viver desta quinta-feira (1). 

Em busca de inversão no cenário dos últimos anos, Taborda participou de um encontro na última terça-feira (29), em Brasília, entre movimentos de mulheres e a equipe do Grupo Temático (GT) de Mulheres da equipe de transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A atividade faz parte da escuta da sociedade civil para a elaboração da próxima gestão e contou com a representação de 19 bandeiras de lutas feministas do campo, das águas, das florestas e da cidade.     

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Coordenado pela ex-ministra Eleonora Menicucci, o GT de Mulheres e a carta dos movimentos defenderam a existência de um Ministério das Mulheres no próximo governo, destacando a importância da garantia de recursos orçamentários para algumas questões prioritárias, como aumento do feminicídio e de outras formas de violência, do aumento da fome, do preconceito e do racismo. 

“Ela [Menicucci] se comprometeu de que, no documento que será entregue [ao novo governo], terá muito fortemente a solicitação de um Ministério das Mulheres com orçamento, para que possamos enfrentar a realidade de violência, de falta de políticas para a produção, de fortalecimento dos quintais produtivos no campo e falta de políticas para a saúde específica às mulheres”, afirmou a entrevistada do Bem Viver. 

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Considerando a realidade econômica do país, após as últimas gestões presidenciais, a dirigente do MMC reforça a "plena consciência da dificuldade de orçamento" para todos os setores da próxima gestão federal. Mas reforça que os movimentos de mulheres precisam cobrar suas pautas e "terão que seguir fortemente com organização, formação e lutas".

Fazendo uma análise da história recente, Noeli Taborda aponta que algumas questões são "fundamentais e inegociáveis", seja como retomada de políticas públicas ou de avanços. 

“Que as políticas de enfrentamento à violência olhem para a realidade do campo, das águas e das florestas. Tivemos importantes conquistas políticas nos governos Lula e Dilma, mas que pela questão geográfica, muitas vezes as mulheres do campo não tiveram acesso”, exemplifica.  


Programa Bem Viver / Brasil de Fato

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Edição: Daniel Lamir