Nesta sexta-feira (2), ocorreu a abertura do Festival da Reforma Agrária, no Galpão do Armazém do Campo, no centro de São Paulo. No total, são 31 pontos expositores que comercializam 62 mil quilos de alimentos, como frutas, verduras, legumes, queijos, bebidas e doces.
É o primeiro evento do tipo desde a pandemia de covid-19, mas desta vez em um formato menor. A expectativa é que nos próximos anos a feira volte a ser realizada no Parque da Água Branca, na Zona Oeste da capital, como ocorria desde 2016.
“Para nós do MST e das cooperativas, é importante porque a gente passou um tempo sem ter atividades desse porte. Então voltar a fazer esse diálogo e mostrar os produtos da reforma agrária e da agricultura familiar para as pessoas, para o povo da cidade, é importante”, afirma Cristiano Czycza, da Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná.
O Festival é diferente da Feira Nacional da Reforma Agrária que ocorria anualmente antes da pandemia justamente pela estrutura menor. Ainda assim, os objetivos são os mesmos: utilizar o espaço também para debater a importância das políticas públicas em relação a reforma agrária, agricultura familiar, agroecologia e alimentação saudável.
A ideia é “mostrar também a diversidade de produtos que tem, com o volume de produtos que tem. É para mostrar para sociedade e para os governos que é possível, pela agricultura familiar, com uma produção de alimentos de qualidade agroecológico, que não seja pra saúde das pessoas, produzir alimentos para todo mundo se alimentar”, afirma Czycza.
Segundo Delwek Matheus, da coordenação nacional do MST, o conteúdo é o mesmo: “criar a oportunidade de fazer um bom diálogo sobre a questão da reforma agrária, a questão do campo, a produção de alimentos saudáveis, a questão ambiental, a questão da fome e também muita cultura”.
“Fundamentalmente, é importante também para a população de São Paulo, porque tem essa possibilidade de conhecer concretamente como é a produção da reforma agrária, produção de alimentos saudáveis”, diz o coordenador do MST.
Retomadas
Ana Chã, também integrante do MST, afirma que o festival também vem para celebrar o fim do governo de Jair Bolsonaro (PL) e a esperança por um governo que volte a dar atenção para os programas de reforma agrária e soberania alimentar.
“A gente passou por um período onde a maioria das políticas públicas voltadas para a reforma agrária e para agricultura familiar foram desmontadas e esvaziadas de orçamento, inclusive algumas acabaram mesmo”, diz.
Para Chã, também esta é a importância do evento: de retomar o sentimento de esperança e potência diante das possibilidades geradas pela reforma agrária. “Então a gente estar hoje no centro da maior cidade do país, trazendo alimentos saudáveis e apontando que a reforma agrária, que é a distribuição agricultura familiar, é mostrar que a reforma é a solução para combater a fome e para que a gente tenha menos desigualdade social.”
Nessa linha, Ana Terra, da Regional Sudoeste do MST no estado de São Paulo, afirma que “é uma alegria retomar um espaço de celebração da reforma agrária, de mostrar o valor da nossa luta, a luta do movimento dos trabalhadores rurais sem terra, a luta do MST e de tantos agricultores e agricultoras que nos últimos quatro anos sofreram demais com os desmandos desse governo”.
O evento segue até 4 de dezembro, o próximo domingo, e tem entrada gratuita. Além da comercialização de alimentos da reforma agrária, acontece uma programação diversa de vivências formativas, oficinas e atrações culturais e artísticas.
Confira a programação
Sexta
14h: Abertura do Galpão para o Festival
14h: Oficina Experiências de Cooperação e Comercialização Digitais
16h: Jogo do Brasil X Camarões (transmissão no telão)
18h30: Ato político de Abertura com parlamentares e aliados
Sábado
8h: Atividades artístico-culturais: cortejos, músicas, intervenções culturais
10h às 17h:
Oficina de materiais recicláveis, com a Unicatadores
Oficina de economia de gás
Oficina de Produção de Fitoterápicos e Fitocosméticos
Oficina de Manejo e Uso de Frutas Nativas da Mata Atlântica, com estudantes da UFFS
15h: Siba
17h: Lançamento do livro Micronutrientes, de Ana Maria Primavesi, pela Expressão Popular, com a participação de Virginia K, biógrafa de Ana, e Carin, filha
18h: As Cantadeiras
Domingo
9h: Debate sobre Cinema e Questão Agrária, com a organização do Festival Entretodos 2022
10h: Conferência pela Alimentação Saudável no Combate à Fome
14h: Teatro: Próxima Cia
15h: Maracatu Ouro do Congo
16h: Pereira da Viola
17h: Nego Bala
18h30: Felipe Cordeiro
Edição: Rodrigo Durão Coelho