Um dia após a Petrobras concluir a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), de Manaus, a compradora Atem aumentou o preço do gás de cozinha vendido pela unidade, que produz 10% do consumido no Amazonas.
O aumento de R$ 0,93 por quilo de gás foi anunciado na quinta-feira (1º). A venda da Reman foi finalizada na quarta (30).
Com o reajuste, um botijão de 13kg tende a custar pelo menos R$ 12 a mais. A conta não considera impostos que incidem sobre o custo do gás.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), um botijão de gás custa, em média, R$ 112 no Amazonas. Considerando esse valor, o botijão envasado pela Reman tende a ficar 10% mais caro.
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A Reman foi vendida por 257,2 milhões de dólares –cerca de R$ 1,3 bilhão.
A refinaria pode produzir 46 mil barris de combustível por dia. Grande parte desses produtos são consumidos no Amazonas e estados vizinhos.
A Reman é a única grande refinaria da região. Por isso, segundo o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP), sua venda dá a Atem o monopólio regional de fornecimento de combustível e, com isso, o controle sobre preços.
Algo parecido já ocorreu após a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, no final do ano passado. Após a venda da Rlam pela Petrobras, a Bahia passou a ter um dos combustíveis mais caros do país.
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A venda da Reman foi finalizada pouco mais de um mês antes da posse do presidente-eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Membros do governo de transição indicados por Lula haviam solicitado à Petrobras que parasse com as privatizações –o pedido foi ignorado.
A Petrobras informou que o processo de venda da Reman foi lançado em junho de 2019 e em agosto de 2021 o contrato de venda da refinaria foi assinado em 2021. “Todo o processo levou mais de três anos para ser concluído e seguiu rigorosamente a Sistemática de Desinvestimentos da companhia, tendo sido aprovado em todas as instâncias da governança corporativa da Petrobras”, acrescentou.
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A estatal destacou ainda que a venda integra o compromisso firmado durante o governo Bolsonaro pela Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a abertura do setor de refino no Brasil.
A Atem, por sua vez, declarou que o reajuste do gás ocorreu para suprir os custos na aquisição do produto junto à base da Petrobras, em Urucu, município de Coari (a 370 km de Manaus).
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Segundo a empresa, ela agora é a responsável por arcar com os custos da operação com terminal aquaviário e transporte de navio para receber o gás da Petrobras e revendê-lo em Manaus, o que afeta o preço do produto.
“A Ream reafirma seu compromisso de seguir uma política transparente em sua estratégia de preços, amparada por critérios técnicos e sempre dentro das normas do mercado”, acrescentou a Atem, em nota.
Edição: Rodrigo Durão Coelho