Crime

Moraes afasta por 60 dias prefeito que fomentou atos golpistas em Mato Grosso

Prefeito de Tapurah (MT) já havia sido acionado pela Justiça Eleitoral por tentar sortear carro por votos

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Moraes também determinou que 177 veículos fossem retidos, com pagamento de multa - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira o afastamento do cargo, por 60 dias, do prefeito de Tapurah (MT), Carlos Capeletti (PSD). A decisão se deve ao fato de o prefeito encorajar atos como a ida de caminhões a Brasília, “com a inequívoca intenção de subverter a ordem democrática”.

Segundo Moraes, o deslocamento de caminhões para as proximidades de prédios públicos, em especial instalações militares, com fins de rompimento da ordem constitucional, pode configurar o crime de abolição violenta do Estado democrático de direito.

Esse crime está previsto na Lei 14.197, de 2021, que revogou a Lei de Segurança Nacional (LSN), do período da ditadura. No despacho, Moraes faz referência a “mobilização por redes sociais feita de forma não espontânea e concertada por grupos políticos e econômicos determinados”.

Ele cita inclusive mensagem do prefeito cobrando ação dos militares. “Se até o dia 15 de novembro o Exército não tomar alguma atitude em prol da nação brasileira e da nossa liberdade, nós vamos tomar atitude. Tenho certeza que, aos milhões lá, alguém vai ter uma ideia. Vamos tomar o Congresso, o STF (Supremo Tribunal Federal), até o Planalto. Se até lá o Exército não tomar uma atitude, vamos nós fazer uma nova Proclamação da República”, dizia a mensagem.

Quase 200 veículos indisponíveis

Pela decisão, 177 veículos identificados pelo Ministério Público de Mato Grosso, usados nos atos, ficam retidos. Foi fixada multa de R$ 100 mil por veículo,, além de R$ 20 mil/hora, para os proprietários. “As determinações atendem a pedido do MP-MT para que fossem adotadas providências para os desbloqueios de rodovias e espaços públicos por veículos de carga pesados, levados a Cuiabá para continuidade de atos antidemocráticos na capital do estado”, afirma o STF.

O mesmo prefeito já havia sido acionado por assédio eleitoral. Em outubro, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRT-MT), atendendo a pedido do Ministério Público Eleitoral, determinou a Capeletti que removesse um vídeo de suas redes sociais. O vídeo anunciava a realização de sorteio de um carro para estimular eleitores a votar no atual presidente da República. O sorteio, que acabou não acontecendo, seria realizado com o comprovante de votação no segundo turno.