COMIDA SAUDÁVEL

Projeto de agroecologia aproxima alimentos do campo de moradores das cidades em Minas Gerais

Em Belo Horizonte, iniciativa ajuda a escoar comida in natura e processados produzidos por quase 900 famílias mineiras

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Rede Cafa oferece suporte para a comercialização de produtos da agricultura urbana de base agroecológica em MG - Agroecologia em Rede/Instagram
[na pandemia] a Central foi crucial para a organização de distribuição de alimentos

Pioneira no Brasil, a Central de Abastecimento da Agricultura Familiar e Urbana (Cafa) aproxima os alimentos produzidos no campo dos consumidores na cidade. A plataforma, que teve início em 2020 em uma parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, é sediada no Banco de Alimentos da capital mineira. A Cafa é gerida pela Rede Sisal, uma iniciativa que reúne 90 organizações da agricultura familiar, atuantes em mais de 100 municípios mineiros.

Somente no primeiro semestre deste ano, 7 mil quilos de alimentos foram escoados para as diversas regiões de Minas Gerais e do Brasil. “Essa infraestrutura permite uma troca entre os produtores de todo país, com o intuito de ampliar a variedade de produtos saudáveis ofertados”, relata Luiza Ribeiro, coordenadora da Rede Sisal.

A gestora explica ainda que o espaço é utilizado como suporte às famílias que, de janeiro a julho, montaram no local mais de 6 mil cestas que foram distribuídas no mercado institucional e para consumidores finais.


Trabalhadores da Associação Horizontes Agroecológicos fornecem serviço de entregas de cestas à moradores de BH / Amélia Gomes - Brasil de Fato MG

O produtor rural de Nova União André Marques Teixeira, membro da Associação Horizontes Agroecológicos, é um dos beneficiados com o projeto. Quinzenalmente, ele entrega cestas agroecológicas para consumidores de Belo Horizonte. O serviço é fruto da articulação proporcionada pela Rede Sisal.

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“Um dos nossos gargalos é justamente a construção de mercado. E esse projeto nos ajuda a desenvolver metodologias e procedimentos para expandir nossas entregas”, diz o trabalhador.

Além do apoio logístico a pelo menos 840 famílias, a entidade contribui com os debates sobre a alimentação no estado. A Sisal possui cadeira no Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Horizonte e na Comissão de Produção Orgânica de Minas Gerais.


Produtos in natura comercializados pela Rede, alimentos são livres de agrotóxico e produzidos pela agricultura familiar / Amélia Gomes - Brasil de Fato MG

O produtor rural Fábio Nunes, integrante da Cooperativa da Agricultura Camponesa da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Cooperana) avalia que, diante dos desmontes das políticas para o setor, a iniciativa tem sido fundamental para a categoria.

“Nós tivemos várias políticas praticamente encerradas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e a assistência técnica à agricultura familiar foram praticamente extintas. E essa foi uma das poucas iniciativas para os trabalhadores. Esperamos que sejam anos de consolidação dessa rede”, comemora.

Solidariedade

Além de otimizar o escoamento das produções da agricultura familiar, a Cafa também tem contribuído no combate à fome na capital mineira. No primeiro semestre deste ano, a Rede Sisal doou 400 quilos de produtos saudáveis para o banco de alimentos de Belo Horizonte.

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Luiza Ribeiro relembra que, durante a pandemia, por exemplo, a Central foi crucial para a organização de distribuição de alimentos. “De junho de 2021 até março de 2022, foram montadas mensalmente 1,5 mil cestas. Esses produtos foram distribuídos para comunidades vulneráveis de Belo Horizonte e da Região Metropolitana”, explica.

Edição: Douglas Matos