Uma criança de até 5 anos morre por dia de covid-19 no Brasil. Entre os dias 1° de janeiro e 11 de outubro, foram 314 vítimas nessa faixa etária. Os dados são do Observatório da Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Unifase).
Os mais jovens estão entre os menos vacinados contra o vírus. Por isso, especialistas colocam as crianças hoje como um dos principais grupos de risco de morte. Contudo, o governo de Jair Bolsonaro (PL) segue dificultando a imunização infantil em massa nos últimos dias do mandato.
De acordo com o Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde, apenas sete em cada 100 crianças entre 3 e 4 anos estavam totalmente imunizadas com duas doses em novembro. Nem sequer existem dados consistentes sobre os ainda mais jovens.
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Desde o dia 16 de setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso dos imunizantes da Pfizer para crianças acima de seis meses. Contudo, o governo até hoje aconselha que apenas pacientes com comorbidades recebam as vacinas.
:: Covid é mais letal para crianças pequenas do que todas as doenças prevenidas por vacina juntas ::
O atraso na imunização de crianças ganhou um novo capítulo neste fim de ano. Contrariando a ciência e recomendação de especialistas do próprio Ministério da Saúde, a pasta abriu uma consulta pública sobre o tema. A ideia é ouvir pessoas que nada têm a ver com a área, inclusive bolsonaristas adeptos de teorias conspiratórias.
Desde antes do início da imunização, aliados do presidente e ele próprio atacaram os imunizantes e divulgaram mentiras sobre a segurança dos fármacos. Bolsonaro chegou a relacionar as vacinas com HIV e disse que quem as tomasse viraria “jacaré”.
Morte de crianças que seriam evitáveis
Estas mortes de crianças somam-se àquelas que poderiam ter sido evitadas, não fosse a condução desastrosa do bolsonarismo diante da pandemia. Isso porque as vacinas já provaram a eficácia de forma inquestionável. Basta verificar a redução drástica nas mortes após a imunização massiva, mesmo em momentos de explosão de casos.
“Com vacinas disponíveis, podemos considerar a covid-19 uma doença imunoprevenível. Isso significa que essas mortes podem ser evitadas com uma política pública de vacinação em massa”, afirma a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini.
Dados
De acordo com o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) do Ministério da Saúde 11.144 bebês e crianças de até 2 anos foram internadas por conta da covid-19 de janeiro a dezembro deste ano. Trata-se de um aumento de 21,3% em comparação com o ano passado. Em contrapartida, entre os adultos vacinados, as internações caíram 82,6%.
A situação das crianças não vacinadas é especialmente preocupante nesta época. As férias escolares e as festas de fim de ano fazem crescer aglomerações e aumentam o risco de contágio de doenças respiratórias.
Nesta terça-feira (13) foram registradas 153 mortes ligadas à covid-19 no país. A nova onda do vírus chega ao 23º dia com aumento na média de mortes. Nos últimos sete dias, a variação foi de 34%. Novas subvariantes da cepa ômicron do coronavírus possuem relação com esse aumento, além do fim de medidas preventivas como uso de máscaras.