O papa Francisco revelou, numa entrevista publicada neste domingo (18), que assinou uma carta de renúncia caso problemas de saúde o impeçam de cumprir as suas funções. O documento foi escrito em 2013, pouco depois de ele ter sido eleito pontífice.
Ao jornal espanhol ABC, o papa contou que entregou a carta ao então secretário de Estado do Vaticano, Tarcísio Bertone. "Assinei a renúncia e disse-lhe: 'Em caso de impedimento médico ou outro, aqui está a minha renúncia'", declarou.
Francisco, que completou 86 anos no sábado, disse não saber o que Bertone fez com carta, mas acredita que o atual número dois do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, esteja com ela.
Francisco já havia afirmado no passado que renunciaria caso tivesse problemas de saúde. Essa é a primeira vez, no entanto, que ele admite ter escrito uma carta de renúncia. Na entrevista, ele chegou a brincar que agora que revelou a existência do documento alguém pode querer exigi-lo de Bertone.
O Papa tem um problema de joelho inoperável, que o obrigou a usar uma cadeira de rodas nos últimos meses e, no último ano, teve de cancelar ou reduzir a sua atividade, várias vezes, devido à dor. Na entrevista, Francisco, porém, minimizou o seu desafio de mobilidade. "Governa-se com a cabeça e não com o joelho".
Numa entrevista em julho, Francisco admitiu que teve que diminuir o ritmo. "Penso que na minha idade e, com esse impedimento, tenho de me preservar um pouco para poder servir a Igreja. Ou, ao contrário, refletir na possibilidade de me retirar", disse.
Em comentários anteriores, Francisco saudou a decisão de seu antecessor, Bento 16, que renunciou em 2013 devido à idade avançada e à impossibilidade de desempenhar suas funções. Bento 16 foi o primeiro papa a renunciar em 600 anos. Atualmente, o papa emérito vive num mosteiro no Vaticano.