Mobilização

Movimentos populares do Peru iniciam paralisações em várias regiões do país

Organizações fortalecem pressão ao governo para que eleições sejam antecipadas

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Apoiadores de Castillo em Abancay, no Peru - Martin Bernetti / AFP

Várias organizações sociais, sindicais, indígenas e camponesas do Peru convocaram paralisações que se iniciarão nesta terça-feira (20/12), em várias províncias do país, para reforçar a pressão pela antecipação das eleições gerais no país e também em protesto contra a repressão que o governo de Dina Boluarte tem dedicado às manifestações que têm sido diárias desde o dia 10 de dezembro.

Os movimentos que anunciaram os protestos estão reunidos em frentes unificadas, como a Frente de Defesa Popular de Ayacucho e a Frente de Defesa Contra a Contaminação da Bacia do Coata e do Lago Titicaca. Elas questionam a legitimidade da presidente Boluarte e defendem que somente com novas eleições gerais – ou seja, para escolher um novo ou uma nova presidente, e também renovar todo o Congresso – será superada a atual crise política.

O cenário político no Peru tem sido conturbado desde o primeiro dia de dezembro, quando a oposição instalou um processo de moção de vacância, com o objetivo de destituir o então presidente Pedro Castillo.

A reação do mandatário aconteceu no dia 7 de dezembro: ele tentou impulsionar a dissolução do Congresso e a instauração de um governo de exceção, mas a medida não foi acatada pelas demais instituições.

No mesmo dia, o Congresso votou a moção de vacância e aprovou a destituição de Castillo com 101 votos de 130 possíveis, e 14 a mais que os 87 (dois terços do total) necessários para sua derrota. O ex-mandatário terminou o dia preso, em ação da Polícia Nacional do Peru, que impediu sua tentativa de pedir asilo na embaixada do México.

A então vice-presidente Dina Boluarte assumiu a presidência naquele mesmo dia, se tornando a primeira mulher a governar o país. Porém, seu governo jamais contou com respaldo da população, que passou a protestar diariamente desde o dia 10 de dezembro, exigindo novas eleições.

Alguns grupos também defendem a realização de um plebiscito para eleger uma assembleia constituinte, com o objetivo de escrever uma nova carta magna para o país. A atual constituição do Peru foi imposta em 1993 pelo então ditador Alberto Fujimori.

Os protestos realizados nos últimos dez dias vêm sendo marcados por uma forte repressão da polícia. Segundo a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru (CNDDHH), já foram registradas 26 mortes causadas pela violência das forças de segurança públicas, além de 61 hospitalizações em estado grave e 113 detenções arbitrárias.