O Ministério do Ensino Superior do Afeganistão decidiu proibir a presença de estudantes mulheres nas universidade do país na terça-feira (20). Em março, o Talibã, o grupo que governa o país, já havia barrado a presença de meninas em escolas secundárias.
Antes dessa mais nova medida, as mulheres nas universidades já enfrentavam dificuldades como salas separadas e restrições sobre os professores que poderiam ministrar aulas.
"Eles destruíram a única ponte que poderia me conectar com meu futuro", disse uma estudante da Universidade de Cabul para a BBC. "Como posso reagir? Eu acreditava que poderia estudar e mudar meu futuro ou trazer luz para minha vida, mas eles a destruíram."
Relatos nas redes sociais indicam que estudantes do sexo masculino protestam contra a decisão Ministério do Ensino Superior do Afeganistão. De acordo com Shabnam Nasimi, ex-assessora do Ministério dos Refugiados do Reino Unido, os estudantes abandonaram provas em protesto e professores deixaram seus cargos
Male university students have walked out of their exam in protest against Taliban’s decision to BAN female students from university education.
Several male professors have also resigned so far.
This must happen across the country NOW!pic.twitter.com/kvvsQdchSu
— Shabnam Nasimi (@NasimiShabnam) December 21, 2022
A medida foi alvo de críticas dentro e fora do país. O ex-líder do Alto Conselho de Reconciliação Nacional, Abdullah Abdullah, publicou em suas redes sociais que a educação é "um dos direitos fundamentais e básicos de todos os cidadãos".
"Privar as meninas desse direito é lamentável. Embora todos os cidadãos do país apoiem a educação de meninas, eu, como cidadão, espero e peço que a decisão de fechar escolas e universidades para meninas seja reconsiderada", escreveu Abdullah.
Os Estados Unidos, que ocuparam o Afeganistão por mais de duas décadas, inclusivo sob a acusação de que suas forças militares cometeram crimes de guerra, também se pronunciaram sobre o assunto.
"Os Estados Unidos condenam veementemente esta posição absolutamente indefensável. O Talibã não pode esperar ser um membro legítimo da comunidade internacional até que respeite os direitos de todos os afegãos, especialmente os direitos humanos e as liberdades fundamentais de mulheres e meninas", afirmou o o embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, em reunião do Conselho de Segurança.
A Human Rights Watch classificou a decisão das autoridades afegãs como "vergonhosa" e viola o "direito à educação de mulheres e meninas no Afeganistão".