É interessante esse formato, porque dá para cultivar uma variedade maior de ervas em um mesmo espaço
“Faça dos alimentos in natura ou minimamente processados a base de sua alimentação”, essa é uma das orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira. Por isso, aproveitar cada espaço para plantar em casa pode ser um passo importante neste sentido.
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Para quem não encontra lugar para plantar couve, tomate e alface, por exemplo, um bom jeito de começar é cultivando ervas e temperos em pequenos espaços, e que podem ser usados em diversas preparações culinárias, como por exemplo, pimentas, manjericão, tomilho, cebolinha e salsinha.
“Quanto mais conseguirmos plantar as nossas próprias ervas e temperos melhor, porque além de aproveitar dos fitonutrientes, como anti-inflamatórios e antioxidantes presentes nas plantas, ainda temos a certeza que não tem agrotóxicos”, explica o biólogo Rafael Sposito.
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Horta em espiral
Você já ouviu falar da espiral de ervas ou horta em espiral? Como o próprio nome sugere, é organizada em formato diferente do convencional. Ao invés de ocupar apenas o chão, a horta em espiral ganha mais um dimensão, a altura.
Geralmente é uma boa opção para quem quer começar a plantar ervas medicinais e temperos, mas tem pouco espaço em casa. Sposito explica que uma das vantagens desse tipo de horta em comparação com convencionais é a possibilidade de cultivar o maior número de plantas em um mesmo espaço.
“As plantas têm diferentes necessidades e demandas, de umidade, temperatura, luminosidades. Então, em uma horta espiral, as plantas que forem mais para cima vão receber mais luz e mais calor e o solo fica mais seco. E na base um ambiente mais sombreado e mais úmido Então, é interessante esse formato, porque dá para cultivar uma variedade maior de ervas em um mesmo espaço", diz Sposito, fundador do ‘Quintais Sagrados', projeto que incentiva o cultivo de plantas para uso medicinal e culinário como forma de ter saúde.
Aproveitamento
Sposito explica que para construir uma horta espiral é possível reaproveitar diferentes materiais em casa ou na região. Por exemplo, o bambu é um bom material para delimitar o contorno da horta, assim como pedra, tijolo, ou até garrafa de vidro.
“Fiz uma horta em casa quando morava em São Paulo reaproveitando um batente de porta. Não tinha muito espaço com terra no quintal, então delimitei o espaço para plantar, sem precisar quebrar nada, apenas com madeiras velhas no piso e comecei a preencher com terra e lá plantei sálvia, hortelã, manjericão, alecrim, cebolinha e salsinha e usava essas ervas tanto para chás, quanto para cozinhar”, conta o educador.
O biólogo conta sobre uma experiência em uma das edições de uma feira literária na periferia da zona sul de São Paulo. “Fui convidado pelos organizadores da Felizs e fizemos uma horta espiral em uma praça usando bambu. Quem nos ajudou a plantar foram os participantes da feira. Além da questão prática, ela tem uma questão estética, porque fica em um formato diferente e fica bonita.”, ressalta Sposito.
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Mãos na terra
Para fazer uma horta espiral é bem simples, o biólogo dá as dicas:
Comece deixando o solo o mais plano possível. Desenhe um caracol usando barbante, pedra ou gravetos que podem servir para riscar o local. Empilhe o material que vai servir para construção, bambu ou as pedras, sempre crescendo da periferia para o centro. Aí depois é só preencher esses espaços entre a parede que você fez e a terra, plantando de acordo com as necessidades de cada planta.
Sposito diz que os cuidados são os mesmo com uma horta convencional: irrigação e poda. "Sempre observe como as plantas estão reagindo. E como qualquer canteiro que ele esteja próximo da área de uso dessas plantas, próximo de uma cozinha, por exemplo, porque aí fica mais fácil o acesso e o cuidado, porque você vai estar sempre olhando para as plantas.
Ele dá alguns exemplos de plantas que você pode colocar em cada parte do espiral. As plantas que gostam de sol pleno para colocar na parte superior da horta espiral, como alecrim, cebolinha, confrei, erva doce, manjericão, melissa, salsinha e sálvia. Para região intermediária do espiral: carqueja, losna, cavalinha, coentro, hortelã, mil folhas e poejo. Na base as que precisam de mais umidade como manjericão de folhas maiores, capuchinha, gengibre e tomilho.
Edição: Daniel Lamir e Douglas Matos