O ex-premiê israelense Benjamin Netanyahu afirmou nesta quarta-feira (21/12) que obteve êxito em compor um novo governo, o que poderá marcar o retorno do veterano político ao poder, desta vez, com uma coalizão bem mais à direita do que qualquer outra na história do país.
Após a vitória na eleição legislativa de em 1º de novembro, Netanyahu assegurou o mandato para formar o novo governo e se aproximou de partidos de grupos judeus ultraortodoxos e de um bloco extremista de direita que concorreu na votação com o nome de Aliança do Sionismo Religioso.
Netanyahu se viu em condições de encerrar uma era de impasses políticos sem precedentes, que levou à realização de cinco eleições em quatro anos, e em vias de substituir a coalizão de forças antagônicas que o tirou do poder em 2021.
Ele foi o mais longevo primeiro-ministro da história de Israel, primeiramente exercendo o cargo entre 1996 e 1999 e, mais tarde, permanecendo à frente do governo por um período recorde de 12 anos, de 2009 a 2021. O político de 73 anos, no entanto, ainda enfrenta acusações de corrupção nos tribunais.
O anúncio da nova coalizão era esperado para logo após as eleições de novembro, levando-se em conta a proximidade ideológica do partido de Netanyahu, o Likud, e as demais agremiações. As negociações, porém, se arrastaram em razão da disputa de cargos no futuro gabinete.
Uma das concessões mais polêmicas feitas pelo ex-premiê foi prometer uma versão ampliada do Ministério da Segurança Nacional para o líder do partido Poder Judeu, que possui um histórico de posições agressivas em relação aos árabes.
Obstáculos à nova coalizão
Somente minutos antes do final do prazo para a formação do novo governo, Netanyahu informou o presidente do país, Isaac Herzog, que havia conseguido a quantidade necessária de aliados.
Até o momento, ainda não havia a confirmação de que a nova coalizão será de fato empossada. O líder do Likud disse ao presidente que deseja tomar posse tão logo quanto possível.
O país, porém, se encontra em meio ao feriado do Chanucá, o que deve gerar alguns obstáculos, assim como o fato de algumas questões cruciais para o país ainda estarem sendo discutidas no Knesset (Parlamento israelense).
Além disso, o líder do partido ultraortodoxo Shas, que foi fundamental na composição da nova coalizão, foi considerado inapto para ocupar cargos públicos pelo procurador-geral do país.
O Knesset deve aprovar uma lei que poderá remover esse obstáculo, mas isso ainda não foi possível, apesar de Netanyahu e seus aliados possuírem 64 das 120 cadeiras no Legislativo.