É só dezembro chegar que o clima natalino toma conta das casas e ruas do país. Árvores decoradas, cantatas de natal e muita iluminação são tradições que os brasileiros compartilham desde pequenininhos.
No nordeste, diversas expressões culturais são parte da agenda natalina. É o caso do reisado, no Ceará, formado por um cortejo composto por dois cordões, em comemoração ao nascimento do menino Jesus e em homenagem aos reis magos, tendo como personagens principais o rei e a rainha. Assista:
Francisco Juventino ou Mestre Dodô, como é conhecido, é quem controla as apresentações do Reisado São Francisco, de Juazeiro do Norte, no Ceará.
Segundo o mestre, o Reisado São Francisco faz apresentações em toda a cidade no período. “Nosso grupo se apresenta em praça pública, nas ruas, em frente a prefeitura, nas casas particulares, na minha casa, por exemplo. mas, a diferença de 2019 pra cá foi a pandemia que veio muito forte, ficamos parados, houve até algumas apresentações, sendo live, mas uma coisa triste com poucas pessoas”, relembra ele.
O Reisado São Francisco existe há vinte anos e é tradicional nas apresentações natalinas do Juazeiro do Norte com o festejo, que representa o caminho dos três reis magos até o local onde nasceu jesus, saindo em procissão pelas ruas do Juazeiro.
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E a fé que reúne essas pessoas é passada de geração em geração, mantendo a tradição natalina. “A importância do reisado é porque é uma tradição que vem muito de longe, vem de avós para pais, para filhos, para netos, também não é diferente comigo. Não tenho filhos brincando reisado, mas tenho neto, tenho irmãos, tenho sobrinho. Então, pra mim, quando a gente veste o traje já é uma festa, quem está doente já fica bom”, afirma Mestre Dodô.
Outro auto de natal presente no nordeste é o pastoril. Na tradição cristã, são os pastores quem primeiro recebe a notícia da vinda do filho de Deus e celebram num alegre teatro popular que une cultura, tradição e religiosidade.
O Pastoril Giselly Andrade, de Olinda, é um dos grupos que se apresentam no ciclo natalino em Pernambuco. Segundo Giselly, o pastoril é a junção do teatro, da dança e da música. “No pastoril a gente encena a celebração do nascimento de Jesus. Então, as pastoras representam justamente essa jornada de irem ao encontro do menino jesus; a estrela guia as pastoras no caminho; o anjo anuncia o nascimento… então, tem toda uma uma história e é por isso que a gente diz que é teatro, é dança, é música”.
No pastoril, não pode faltar o cordão encarnado, o cordão azul e a Diana, personagens importantes na celebração que o Pastoril Giselly Andrade tenta preservar na tradição das gerações que se renovam.
Giselly, que fundou o grupo, fala da importância de manter a tradição “A gente tenta sempre trazer para a nova geração pra que essa cultura e essa manifestação não morra, não perca o brilho, porque antigamente, no tempo da minha mãe quando ela dançava, as pessoas dançavam pastoril na porta de casa”, afirma.
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O Pastoril fica na comunidade de Água Fria, e ela afirma que há um cuidado em manter essa tradição “A gente tenta fazer esse resgate de envolver as crianças da comunidade de onde a gente tem a sede, que é em Água Fria, e aí uma traz a outra, que traz a prima, que traz a amiga, então a gente vai vendo esse sentimento de amor pela cultura passando de geração para geração”.
Seja em procissão, em apresentações abertas ou no teatro, a cultura natalina no nordeste encanta, porque é cheia de fé e significados, caracterizando a força da cultura popular nordestina.
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Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga