Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade Federal de Minas Gerais, e divulgado pelo Observatório de Saúde na Infância, divulgado esta semana, ajuda a dar a dimensão dos impactos da pandemia de covid-19 no Brasil e como estamos longe de superar essa crise. Em dois anos, mais de 40 mil crianças e adolescentes perderam a mãe para a covid.
Esse número expressivo de órfãos gera uma série de consequências extremamente delicadas que precisam ser tratadas com urgência. Ainda mais tendo em vista o cenário de fome que o país vive. Sem políticas públicas específicas e pensadas para esse público, o Brasil pode ser responsável por comprometer o futuro desses jovens.
O levantamento foi feito com base nos óbitos por covid-19 registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade em 2020 e 2021. E relacionado com dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, entre 2003 e 2020.
Em entrevista ao Programa Bem VIver, o coordenador do Observatório, Cristiano Boccolini, um dos autores do estudo, ressalta que, na maioria das vezes, a mãe acaba sendo o ponto de referência da família, sobretudo no caso das mães solo. Por isso, o impacto da perda da mãe é ainda mais significativo na vida da criança e do adolescente.
“Isso tem implicações grandes para a criança. Perder qualquer familiar já é traumático. Perder o pai é extremamente traumático. Agora perder a mãe faz perder muitas referências pessoais. Tem estudos que mostram que órfãos de mãe acabam tendo pior desempenho escolar, acabam tendo perdas no desenvolvimento da criança. A gente tem um efeito trágico de perda da mãe. E isso num cenário de inflação de alimentos, perda de poder aquisitivo, insegurança alimentar, crianças passando fome. Soma-se uma tragédia pessoal, como a perda de uma mãe, essa criança fica numa situação de vulnerabilidade extrema”, afirmou.
Também na edição de hoje, as atualizações do governo de transição e o esquenta para o dia da posse de Luiz Inácio Lula da SIlva (PT). A cerimônia vai contar com representantes de 120 países. E o quadro Alimento é Saúde explica porque comer e plantar são atos políticos e dependem do poder de decisão da população.
Edição: Rodrigo Gomes