O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou seu primeiro dia de gestão com uma agenda com 17 reuniões com chefes de Estado e de governo, que vieram a Brasília para acompanhar a cerimônia de posse. Lula assumiu seu terceiro mandato no maior evento de posse da história do país. Mais de 300 mil pessoas marcaram presença na Esplanada dos Ministérios e representantes de 120 países estiveram no Congresso e no Palácio do Planalto acompanhando os atos oficiais.
O encontro com o rei espanhol Felipe VI abriu a agenda. "É um governo que encaramos com otimismo e esperança", disse o monarca, que foi acompanhado da vice-presidenta de governo, Yolanda Díaz, e o chanceler, José Manuel Albares. O ministro espanhol destacou que os principais pontos de trabalho conjunto são a luta por justiça social e a defesa do meio ambiente.
Em seguida, o presidente boliviano, Luis Arce, foi recebido por Lula. "Conversamos sobre como nossos países podem colaborar em políticas sociais, energia e fornecimento de fertilizantes", publicou o presidente brasileiro.
Arce confirmou que o abastecimento de gás, a geração de energia elétrica e a segurança nas fronteiras também fez parte do diálogo.
A Bolívia faz parte do chamado Triângulo do Lítio, junto a Argentina e Chile, concentrando 68% das reservas deste mineral na região. Além disso, o país também concentra a maior reserva de gás natural na América do Sul e uma das maiores do mundo, por isso outro tema estratégico é a relação entre a Petrobrás e a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) sobre o abastecimento de gás entre os dois países.
Ainda pela manhã, Lula reuniu-se com o presidente equatoriano Guillermo Lasso.
"Combater o crime transnacional e melhorar a segurança de ambas nações [...] Coincidimos no interesse de restaurar zonas afetadas pela mineração", disse Lasso.
Na COP27, celebrada em novembro no Egito, Lula propôs convocar uma reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que inclui o Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Suriname, Guiana, Colômbia e Venezuela.
"Uma grande pacto para salvar a floresta amazônica a favor da humanidade. Por uma mudança na política antidrogas, um Brasil garantidor da paz na Colômbia e o estudo da interconexão elétricas das Américas com fontes limpas", destacou o presidente colombiano Gustavo Petro após o encontro com Lula.
Com a presidente hondurenha, Xiomara Castro, a reunião durou cerca de 30 minutos e os temas discutidos foram educação e financiamento de projetos de cooperação, confirmou o ministro de Relações Exteriores de Honduras, Eduardo Enrique Reina.
"Esperança, democracia, justiça e dignidade para nossos povos. Com Lula vamos juntos", escreveu o presidente chileno Gabriel Boric após o encontro com o presidente brasileiro. O chefe de Estado foi acompanhado da chanceler Antonia Urrejola e da ministra de governo, Camila Vallejo.
Já com o argentino Alberto Fernández, Lula disse que pode felicitá-lo pelo tricampeonato na Copa do Mundo do Catar e retomar "o diálogo e a amizade com nosso maior vizinho, um dos principais parceiros do Brasil no mundo".
Fernández classificou a reunião de "extraordinária" e disse que conversou sobre a necessidade de aprofundar o "indissolúvel e histórico vónculo entre ambos países, algo que nos últimos anos havia sido difícil concretizar".
Já o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse que levou o abraço emocionado do presidente Nicolás Maduro e as felicitações do povo venezuelano a Lula.
Rodríguez e o vice-ministro das relações exteriores para a América Latina da Venezuela viajaram à Brasília no lugar de Nicolás Maduro, que teve sua viagem ao Brasil autorizada nas vésperas da posse e acabou declinando o convite.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, veio ao Brasil e disse que o país "faz muita falta" no cenário internacional.
"Significa verdadeiramente muita coisa nova no relacionamento entre Portugal e Brasil. Brasil multilateral, Brasil na cena internacional, Brasil nas organizações, ele que faz muita falta", disse o presidente de Portugal.
Lula ainda disse que recebeu uma carta do seu homólogo chinês, Xi Jinping, através do vice-presidente Wang Qishan. " A China é nosso maior parceiro comercial e podemos ampliar ainda mais as relações entre nossos países", disse Lula.
O presidente brasileiro também cumpriu agenda oficial com o presidente de Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, o presidente da República Democrática do Timor-Leste, José Ramos-Horta; primeiro-ministro da República do Mali, Choguel Kokalla Maiga; o presidente da República Democrática do Timor-Leste, José Ramos-Horta; com o vice-presidente cubano, Salvador Valdés Mesa, e com o presidente de Conselho de Ministros do Peru. Todos os encontros aconteceram no Palácio do Itamaraty.
Edição: Thales Schmidt