Nem a equipe mais próxima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou, institucionalmente, a Casa Civil, se manifestaram até o momento sobre a data em que ele se mudará para o Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de governo, que passa por uma varredura para detectar equipamentos de espionagem. O presidente continua morando e despachando em um hotel na capital federal, enquanto o próprio Palácio do Planalto também passa por inspeção. O trabalho nos dois locais não tem prazo para ser concluído. O perfil do antecessor Jair Bolsonaro justifica o cuidado.
Fora a preocupação com a segurança da equipe e do próprio presidente, há também o desleixo de seus antigos ocupantes. Na segunda (2), o ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou à Globonews que o governo anterior entregou as residências oficiais “de qualquer jeito”. Segundo ele, a situação na Granja do Torto, onde o presidente poderia morar provisoriamente, também “não estava muito boa”. O imóvel esteve sob responsabilidade de Paulo Guedes, ex-ministro da Economia.
A Polícia Federal (PF) iniciou os procedimentos de “limpeza” e varredura do Palácio do Planalto ontem, em busca de grampos ou escutas no prédio que possam captar e gravar áudios ou vídeos e que podem ter sido instalados nos gabinetes da sede do Executivo.
As precauções com o bolsonarismo foram até mesmo religiosas e espirituais. Na semana passada, a rampa do Palácio do Planalto foi lavada com sal grosso, que nas tradições de origem africana é usado para afastar energias negativas.
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Segundo o jornal O Globo, os gabinetes do alto escalão do Executivo devem passar por vistoria e varredura a partir desta terça-feira (3). O trabalho foi iniciado na Casa Civil, que será comandada pelo ex-governador da Bahia Rui Costa. Em relação ao Alvorada, é que “não vai ter mais cercadinho”, segundo disse Lula no domingo (1°), dia da posse.
A tarefa da PF
O novo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, tomou posse na segunda-feira (2) em cerimônia no Ministério de Justiça. Ele tem a tarefa delicada de unir a corporação, dividida e radicalmente politizada por Bolsonaro, que tentou a todo custo instrumentalizá-la sem êxito.
Tanto que, em relatório final enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 27 de dezembro, a PF apontou que o ex-mandatário cometeu incitação ao crime ao associar a vacina contra covid-19 ao vírus HIV, em live de outubro de 2021.
Ao indicar o nome de Andrei Rodrigues à direção da PF em dezembro, o então futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), afirmou ter levado em conta a “necessidade de restauração da plena autoridade e legalidade das polícias, também a experiência profissional, inclusive na Amazônia brasileira”.
Rodrigues participou da preparação da segurança da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil. Também foi figura proeminente na segurança de Lula durante a campanha eleitoral e integrou a equipe de transição de governo.