Dois dias após os atos golpistas que depredaram prédios públicos de Brasília, o Poder Público dá sinais de que vai priorizar a identificação dos financiadores dessas manifestações antidemocráticas e criminosas.
O governo federal mobilizou a Polícia Federal (PF), vinculada ao Ministério da Justiça, e a Advocacia-Geral da União (AGU) para apurar quem pagou os ônibus que levaram milhares de bolsonaristas a Brasília para os atos do último domingo (8). O Ministério Público Federal (MPF) também organizou uma frente de trabalho para investigar o assunto.
No caso do governo federal, as apurações da PF e da AGU seguem em paralelo, de forma independente. A PF busca apurar crimes cometidos por golpistas. Essas pessoas podem responder por golpe de estado, crime contra o Estado Democrático de Direito e associação criminosa. Pelo menos três inquéritos já foram abertos.
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O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira (10) que o cruzamento de dados sobre contratantes dos ônibus fretados para transportar manifestantes já serviu para identificar potenciais financiadores. Os nomes dos suspeitos não foram revelados.
"Nós temos uma investigação em curso, que vai ter vários desdobramentos. Nestes investimentos, já foram identificados os primeiros financiadores, sobretudo aqueles relativos aos ônibus, aqueles que organizaram o transporte, que contrataram os ônibus. Estas pessoas estão todas identificadas”, declarou Dino, segundo o UOL.
Ainda de acordo com o UOL, os supostos financiadores já identificados seriam comerciantes, agricultores e colecionadores de armas, os CACs, do Sul e Centro-Oeste do país, regiões em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve mais votos nessas eleições.
AGU tem força-tarefa
A AGU, por sua vez, montou uma força-tarefa para processar os responsáveis pelos danos causados ao patrimônio público durante os atos golpistas de domingo. Os financiadores desses atos também serão o foco principal do órgão.
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Segundo a AGU, é possível que a apuração da PF seja usada para basear os pedidos de indenização na Justiça. O órgão ressaltou, entretanto, que trabalha de forma independente. Portanto, se tiver dados que comprovem a participação de alguém ou alguma empresa na organização dos atos, eles podem ser processados ainda antes de a PF concluir seu trabalho e antes também de a Justiça julgar os suspeitos.
Veículos de imprensa noticiaram nesta terça que a AGU já teria identificado cerca de 100 empresas que teriam financiado os atos. Elas, inclusive, seriam alvo de ações movidas pela AGU nesta semana. O órgão não confirmou.
MPF se movimenta
O MPF – chefiado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, nomeado por Bolsonaro – também declarou que vai investigar os atos golpistas.
Aras já foi criticado por ser concedente com declarações golpistas de Bolsonaro. Na segunda-feira (10), porém, participou de uma reunião com representantes dos Executivo, Judiciário e Legislativo, e prometeu agir.
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O MPF já mobilizou 15 procuradores da República lotados no Distrito Federal para investigar os atos. Outros 50 procuradores lotados em todo país se voluntariaram para o trabalho.
Ainda na segunda-feira, nove procuradores estiveram nos prédios do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Palácio do Planalto para ver os danos causados por golpistas.
O MPF vai apurar crimes e responsabilidades cíveis sobre os atos.
Edição: Thalita Pires