Após período marcado por ataques a democracia, o Fórum Social Mundial volta a Porto Alegre, entre os dias 23 e 28 de janeiro. Com um formato mais enxuto, o evento regional, com caráter mundial, concentrará as atividades na Assembleia Legislativa do Estado. A realização do evento está a cargo das centrais sindicais e movimentos populares do Rio Grande do Sul e do Brasil. A tradicional marcha do FSM será no dia 25.
“Nada mais lógico que a partir da retomada do processo democrático, da posse do presidente Lula, fizéssemos um evento do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, para dar concretude a todos esses cinco anos de luta e de resistência. Para a retomada das pautas democráticas, a retomada da luta pelos direitos, da luta pela garantia da inclusão social, do combate as desigualdades”, aponta o advogado, membro da Diretoria Executiva da Abong e do Conselho Internacional do FSM Mauri Cruz.
:: Trabalho e economia solidária compõem programação do Fórum Social Mundial de Porto Alegre ::
Ele explica que desde 2016, quando houve o golpe na presidenta Dilma, os organizadores articularam o Fórum Social das Resistências. “Fizemos quatro edições desse fórum, articulando, mobilizando e mantendo a resistência democrática pra que houvesse o retorno da democracia.”
Conforme salienta Mauri, é necessário que se pressione, que haja um processo de democratização da gestão do Estado brasileiro, em uma ótica popular. “Isso só acontece com democracia participativa e com controle social’, frisa.
Edição 2023
Para a edição que começa no próximo dia 23 haverá atividades autogestionadas e mesas de convergência, trazendo pautas como o mundo multilateral e o combate ao fascismo. Assim como o Brasil da esperança, o país que se quer construir e que está sendo construído. Também sobre o mundo do trabalho e a economia solidária.
A programação contará com o Seminário Internacional, nos dias 26 e 27, abrindo a mesa com o debate antirracista, popular e periférico. Também haverá debate em defesa do Sistema Único de Saúde, com a presença da ministra Nísia Trindade.
Ainda haverá debates sobre os direitos sociais, educação, cultura, direito à cidade, proteção social, defesa da terra e o combate a fome. “Depois de cinco anos de retrocessos, de redução da qualidade de vida das pessoas, de aumento da pobreza, e o Brasil voltando ao mapa da fome, esse é um tema que mobiliza todo o movimento social e esperamos que também, como tem sido demonstrado, mobiliza o governo”, destaca Mauri.
No dia 27 haverá debate sobre o Brasil feminista, o protagonismo das mulheres. Também debate sobre a democracia participativa e o controle social. “Há um entendimento das organizações e dos movimentos sociais que atuam no Fórum Social, de que sem participação, democracia, sem ampliar a participação da sociedade civil no diálogo e pressão para que o Estado brasileiro assuma as pautas populares e democráticas, não haverá mudanças e transformações. A agenda democrática popular, ela ainda está em disputa”, reforça.
“Diferente das outras edições teremos a marcha do Brasil da Esperança na quarta-feira (25), à tarde. A marcha sairá do Largo Glênio Peres em direção à Assembleia Legislativa, onde haverá atividades político-culturais, e um ato político. O encerramento do Fórum, no dia 28, será realizado na Redenção, com o Festival Social Mundial, a partir das 15 horas.
Entre os painelistas, o fundador do Instituto Ethos e da Fundação Abrinq, Oded Grajew, a educadora, psicopedagoga e diretora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil), Salete Camba; o presidente da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (UNALGBT), Andrey Lemos; e a ativista e vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez.
Economia Solidária
Durante a semana de realização do Fórum Social Mundial, a economia solidária estará em destaque. Com o tema Tecendo redes, transformando realidades e reconstruindo o Brasil, no dia 25, às 14h, na Assembleia Legislativa será promovido um debate com a participação de Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Solidária, Joaquim Mello da Rede Nacional de Bancos Comunitários, Alvir Longhi, da cadeia das Frutas Nativas, e Itanajara Almeida, representante da rede Ubuntu, com a coordenação de Nelsa Fabian Nespolo da Unisol/Justa Trama. “Será um debate de reconstrução do Brasil com estratégias de Economia Solidária organizada nas redes e territórios”, destaca Nelsa.
A Economia Solidária também promove uma feira para 70 expositores coletivos na Praça XV no centro de Porto Alegre, entre os dias 23 a 28 de janeiro.
Ao longo do Fórum haverá ainda uma intensa agenda político-cultural. “A cultura é política, tanto do teatro, da música, da poesia, da dança. Temos uma mobilização muito grande de artistas, tanto daqui do Sul como nacionais”, comenta Mauri.
Pelo curto espaço de tempo de organização, explica o organizador, a edição deste ano não terá as dimensões dos fóruns sociais mundiais dos primeiros anos, mas será forte e intenso. “Certamente abrindo a agenda dos movimentos sociais a partir da posse do presidente Lula. E esperamos contribuir para consolidar e fortalecer a nossa força popular na reconstrução do Brasil”, conclui.
Mais informações: https://www.fsm.org.br
Programação:
23 de janeiro (segunda)
9h | Atividades Autogestionadas – AL/RS
14h | Atividades Autogestiondas – AL/RS
14h | Abertura FSM da Pessoa Idosa – Teatro Dante Barone
19h | Mundo Multilateral e o combate ao Fascismo – Teatro Dante Barone
24 de janeiro (terça)
9h| Atividades Autogestionadas – AL/RS
14h | Atividades Autogestionadas – AL/RS
19h | Brasil da Esperança: O país que Queremos – Teatro Dante Barone
25 de janeiro (quarta)
9h | Convergência Mundo do Trabalho – Teatro Dante Barone
9h | Atividades Autogestionadas -AL/RS
10h | Sindicalismo e Trabalho Decente – Teatro Dante Barone
14h | Economia Solidária – Teatro Dante Barone
17h | Marcha do FSM Porto Alegre 2023 – Largo Glênio Peres
20h | Ato Político Cultural – AL/RS
26 de janeiro (quinta)
Seminário Internacional – Teatro Dante Barone
9h | Luta Antirracista, Popular e Periférica
14h | Por um Brasil Feminista
17h | Combate à Fome e a Luta Socioambiental
27 de janeiro (sexta)
Seminário Internacional do FSM – Teatro Dante Barone
9h | Direitos Sociais: Educação, Cultura, Saúde e Assistência Social
14h | Participação Popular e Controle Social
17h | Noite do Hip-Hop
28 de janeiro (sábado)
Parque da Redenção
15h às 20h | Festival Social Mundial
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko