Entidade patronal

Sindicato rural ligado a bolsonaristas é suspeito de financiar ataques a Brasília

Sindicato Rural de Castro teve bens bloqueados na Justiça por supostamente ter pago ônibus para maniestantes

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Manifestantes bolsonaristas invadiram e vandalizaram o Palácio do Planato, o Congresso Nacional e o STF - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Um sindicato de produtores rurais do Paraná ligado a bolsonaristas está na lista elaborada pela Advocacia-Geral da União (AGU) sobre supostos financiadores dos atos golpistas que depredaram prédios públicos de Brasília no último domingo (8).

O Sindicato Rural de Castro, cidade que fica a cerca de 150 km de Curitiba, teve seus bens bloqueados pela Justiça Federal a pedido da AGU. Isso ocorreu porque, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão pagou pelo fretamento de ônibus de manifestantes que estiveram na capital federal no fim de semana passado.

O sindicato é presidido pelo empresário Eduardo Medeiros Gomes, que também é sócio de uma empresa de comunicação que gere um canal do YouTube com vídeos sobre agricultura.

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Gomes fez campanha por Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições. Aproveitando-se do prestígio que sua posição no sindicato lhe dá, ele declarou publicamente voto ao agora ex-presidente, apoiado pelos manifestantes golpistas.

Gomes também declarou voto a Moacyr Elias Fadel Junior (PSD), ex-vereador de Castro que foi eleito neste ano deputado estadual do Paraná. Além disso, doou R$ 5 mil para a campanha ao Senado da atual deputada federal Aline Sleutjes (Pros), que não foi eleita.

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Sleutjes também é Castro. Em suas redes sociais, se apresenta como "mãe, conservadora e cristã" e "representante do Agro". É bolsonarista e, no Instagram, postou vídeos de apoio a manifestantes que acamparam em frente a quartéis Brasil afora.

Sindicato apoiou acampamentos

O próprio Sindicato Rural de Castro também apoiou, em seu perfil no Instagram, as manifestações em frente aos quartéis. Foram essas manifestações que culminaram nos atos golpistas em Brasília.

Em carta aberta aos castrenses, o sindicato criticou o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Se solidarizou com aqueles que demonstravam sua insatisfação com uma suposta ameaça à liberdade.

Durante a eleição, o sindicato também postou imagens de uma reunião entre diretores da entidade e o prefeito de Castro, Álvaro Telles (PSL), para uma "sprint final" por Bolsonaro.

Após os ataques a Brasília, o sindicato informou que defende a democracia. "Não compactuamos com manifestações que transcendam os limites da ordem estabelecida."

Castro é um polo produtor de leite, soja, trigo e milho. O município tem 71 mil habitantes. Lá, Bolsonaro (PL) teve 55% dos votos válidos no primeiro turno da eleição. Lula teve 35%.

Edição: Thalita Pires