Desde o fim do ano passado, moradores da comunidade quilombola de Queimadas, no município do Serro, na Região Central de Minas Gerais, têm percebido o desmatamento de parte significativa da mata do território. A vegetação suprimida pela prefeitura, beneficiaria uma estrada que dá acesso a terrenos estratégicos das mineradoras Herculano, Anglo American e Onix.
Juliana Deprá, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), questiona o fato do Executivo municipal justificar aos moradores que as obras são para beneficiar a comunidade do Floriano, que é ligada pela estrada. No entanto, as obras não chegam ao distrito, mas atendem apenas a área que abrange o terreno das mineradoras.
“Por essa estrada, eles pretendem escoar minério tanto para a região do Vale do Aço, quanto para Sete Lagoas. Isso está previsto em dois projetos de licenciamento que as mineradoras cobiçam aprovar na região”, aponta.
A militante questiona ainda a prioridade que o Executivo tem dado à região, enquanto outros povoados do distrito estão ilhados por falta de infraestrutura, como a comunidade do Baú, que teve a ponte que dá acesso à comunidade destruída pelas chuvas.
:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::
Licenciamentos estão parados
Nesta terça (17), foi realizada uma audiência pública na cidade para uma consulta sobre o pedido de licenciamento da mineradora Onix. A empresa busca a instalação do Projeto Céu Aberto, que retirará 300 mil toneladas de minério de ferro por ano. Pesquisadores avaliam que, caso aprovado, o empreendimento causará danos imensuráveis à região.
Como ocorreu no caso da Herculano, os moradores e o Movimento Pela Soberania Popular na Mineração tentam, via Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a anulação da audiência e a suspensão do processo de licenciamento. Em agosto do ano passado, o MPMG recomendou a suspensão do pedido de licenciamento da mineradora, assim como a carta de conformidade ambiental, que já havia sido concedida pela prefeitura à Herculano.
“Nos parece que, com todos esses atrasos dos licenciamentos, por causa da mobilização da comunidade, as mineradoras têm tido a prefeitura como uma aliada para adiantar o trabalho de forma estratégica”, critica Juliana.
O outro lado
O Brasil de Fato MG entrou em contato com a Prefeitura do Serro para um posicionamento sobre a situação, mas ainda não obteve resposta.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa