Em pontos tradicionais de Belo Horizonte, como a Feira Hippie, a Praça Sete e o Parque Municipal, é comum encontrar rodas de capoeira. Para conhecer melhor esse segmento cultural, a Prefeitura de Belo Horizonte realiza um mapeamento do setor. O objetivo da pesquisa é identificar como o Executivo pode contribuir para fortalecer a prática na cidade e coletar dados e informações para o pedido de registro da capoeira como patrimônio imaterial da capital.
Álan Pires, coordenador de patrimônio imaterial da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, explica que a iniciativa é fruto do Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial. “É um exercício de aproximação, de convite à discussão das políticas culturais para esse segmento”, conta. Pires afirma que o principal desafio tem sido vencer o receio dos mestres, que durante anos foram excluídos dos lugares de poder e tomada de decisão na cidade.
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Até o momento, o levantamento, realizado desde 2021, apontou a existência de 26 mestres na cidade, sendo duas mulheres, 64 grupos de capoeira e 350 participantes. Mas a estimativa é que os números sejam muito maiores. Por isso, o levantamento segue aberto. “Nosso objetivo é fazer com que os capoeiristas passem a discutir qual é a importância das políticas culturais sobre as suas práticas, e como a capoeira pode ajudar no desenvolvimento da cultura, do turismo e da educação em Belo Horizonte”, aponta.
Tanto a elaboração do formulário do mapeamento, quanto os debates em torno das políticas que poderão ser construídas a partir dos dados, estão sendo elaborados com entidades do setor, como o Fórum da Capoeira de Belo Horizonte.
Mestre Primo, membro do Fórum, é um dos articuladores da iniciativa. Ele espera que, além do reconhecimento como patrimônio, o levantamento se desdobre em benefícios ao setor, como a criação de um espaço coletivo destinado à capoeira em Belo Horizonte. “Um espaço onde nós possamos nos encontrar, fazer eventos e continuar discutindo políticas para a categoria. A gente precisa desse espaço, é uma reivindicação antiga do nosso povo”, anseia.
Um pouco de história
Os estudos já realizados pela prefeitura em parceria com entidades de capoeiristas de Belo Horizonte mostram que a prática ganhou força na cidade no final da década de 1960. Há indícios de que a famosa Feira Hippie de Belo Horizonte tenha surgido a partir de uma roda organizada nessa mesma época.
Para o Mestre Daniel, que há mais de 30 anos é praticante da atividade, a capoeira representa ancestralidade, cultura e resistência. Uma herança que pretende deixar aos seus discípulos.
“Como dizia mestre Valdemar, tudo que eu tenho eu quero deixar. Essa frase é muito forte e nós capoeiristas temos que pensar dessa forma. A minha maior missão é preservar e manter a nossa ancestralidade e a nossa cultura”, ressalta Mestre Daniel, que também é construtor de instrumentos e educador social.
Serviço:
Os espaços culturais de Belo Horizonte estão aptos a tirar dúvidas e orientar os interessados sobre o preenchimento dos formulários do mapeamento sobre a capoeira. Abaixo estão os formulários específicos para cada categoria:
Praticantes de Capoeira – clique aqui
Grupo de Capoeira – clique aqui
Mestres e Mestras de capoeira – clique aqui
Mais informações sobre o levantamento estão disponíveis no site da Prefeitura de Belo Horizonte.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa