O Brasil de Fato lança nesta sexta-feira (27) o documentário "Terceiro Ato", uma produção que marca os 20 anos de um dos principais veículos de comunicação popular do país.
Com direção do repórter José Eduardo Bernardes, o documentário retrata os acontecimentos que marcaram o emblemático mês de janeiro de 2023, desde a posse histórica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até os atos golpistas protagonizados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) - que destruíram as sedes dos três poderes da república.
"Assim como a posse foi histórica, também o dia 8 de janeiro entrou para a história, obviamente de uma maneira triste, que se relaciona com um Brasil que a gente vai ter daqui a diante, um Brasil em disputa", pontua Bernardes.
"A gente viu que o reflexo disso foi um poder ainda maior das forças das instituições democráticas que reagiram instantaneamente e não deixaram que o golpismo e ideias radicais tomassem o país", completa.
O enredo acompanha a saga de apoiadores do presidente Lula em direção à Brasília, saindo de diferentes regiões do país. Aborda também os bastidores da organização da posse, destacando as estratégias de segurança e a aproximação da cerimônia com o povo brasileiro.
"Desde o primeiro dia, no dia 30, o que dava para sentir em Brasília é que era uma cidade ocupada por uma mar de gente, um mar vermelho. A sensação de estar vivendo essa experiência foi fantástica", destaca o diretor.
Bernardes analisa que além da simbologia de todo o "ritual" do primeiro de janeiro, também havia uma expectativa muito grande para que o Brasil mudasse de rumo.
"Havia uma pressão muito grande, tanto de parte da sociedade civil, como das instituições para que o governo anterior acabasse de fato. A gente tinha diversos problemas em relação a gestão de Jair Bolsonaro. E o Lula foi ressignificando o cargo da presidência mesmo antes de tomar posse."
A produção do Brasil de Fato traz entrevistas exclusivas com ministros de Estado do atual governo, como Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Esther Dweck (Gestão e Inovação).
O filme dá voz também às personagens que participaram da entrega da faixa presidencial à Lula, como o garoto Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o influenciador e ativista anti capacitista Ivan Baron, e a catadora e diretora da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF e Entorno (CENTCOOP-DF) Aline Sousa.
"A posse, por ter sido como foi, ter quebrado diversos protocolos estabelecidos muito deles durante o período da Ditadura Militar, se tornou histórica. Um presidente da República que sobe a rampa do Palácio do Planalto acompanhado por pessoas que representavam os mais diversos setores da sociedade civil e recebendo a faixa presidencial de uma catadora. Foi muito emocionante", completa Bernardes.
Visão popular
Monyse Ravena, coordenadora de Audiovisual do Brasil de Fato, considera que a história da posse de Lula pode ser contada a partir de muitas perspectivas. E o que difere esta produção das demais é a escolha de contar a partir de uma visão popular.
"A gente mostra uma visão popular da terceira posse do presidente do Lula, mas também uma visão popular das tentativas golpistas que marcaram o mês de janeiro. É um diálogo sobre a volta da maior liderança popular do Brasil dentro de uma conjuntura que a gente continua convivendo, em que parte da ultra direita neofascista tenta deslegitimar a escolha popular. Então o documentário também mostra essa tensão", analisa Ravena.
O filme será apresentado na abertura da mesa “Democracia Participativa e Controle Social” nesta sexta-feira (27), dentro da programação do Fórum Social Mundial 2023, sediado em Porto Alegre (RS).
O Brasil de Fato foi lançado no Fórum Social Mundial no dia 25 de janeiro de 2003, em uma solenidade histórica. Nascia uma iniciativa pioneira de jornalismo organizada por movimentos populares brasileiros. Neste dia, 7 mil pessoas lotaram o Auditório Araújo Viana, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, para o lançamento.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
