Foi em clima de resistência que a bancada do PT reinaugurou, nesta segunda-feira (30), a sala da liderança do partido na Câmara dos Deputados, espaço do Congresso Nacional que foi o mais depredado durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Montado há 43 anos, a sala teve os computadores, TVs, telefones e micro-ondas quebrados, bem como os quadros rasgados, vidros estilhaçados e a bandeira do partido queimada em uma fogueira acendida pelos invasores.
O espaço foi reorganizado por trabalhadores da Casa e membros da equipe do partido e ganhou cara nova. A reforma após os ataques vem também no momento em que a bancada se prepara para a nova legislatura, que terá início oficialmente na quarta (1º) e se dará com o PT à frente do governo. A servidora pública Cláudia Regina, que integra a equipe que assessora a sigla na Câmara, distribuiu flores para os presentes como símbolo do que representa a retomada do local.
"Nós estamos aqui sempre na resistência. Trouxemos flores pra distribuir e está escrito aqui: 'Tentaram nos enterrar e esqueceram que somos sementes do Lula'. Eles depredaram, tentaram nos constranger, mas não conseguiram. Olha como está tudo lindo aqui, tudo reconstruído, tudo novo", disse, ao exibir um papel com a citação colada no caule nas flores.
A liderança é a representação máxima de cada partido na Casa, por isso tem poder representativo e emblemático. Para a deputada Maria do Rosário, a reforma do espaço para dar seguimento aos trabalhos demonstra a forma como os integrantes da legenda pretendem se portar após os ataques terroristas. "Nós somos herdeiras e herdeiros daquelas e daqueles que souberam se colocar diante do autoritarismo com a altivez destemida de Jose Genoíno, de uma Dilma Rousseff, de Honestino Guimarães e de todos e todas que enfrentaram a ditadura militar", disse, ao destacar a importância da resistência coletiva.
Já o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Paulo Pimenta, lembrou a relação entre as invasões ocorridas no dia 8 e os fatos políticos que antecederam as eleições de 2022, começando pelo impeachment da ex-presidenta Dilma (PT), em 2016.
"Eles tentaram enterrar o PT. Tentaram nos enterrar no golpe. Tentaram nos enterrar perseguindo a Dilma, levando o Lula a Curitiba, perseguindo vários companheiros e companheiras, mas mais uma vez nós mostrando que essa estrela, mais do que uma estrela, é uma semente e cada vez que tentarem nos enterrar, nós voltaremos mais fortes, mais vigorosos, capazes de dar conta da missão histórica do PT."
O evento contou com a presença de diferentes atores do PT, mas também foi prestigiado por vozes da sociedade civil organizada. "Agora, neste início de governo Lula, são muito importantes pra gente esses momentos simbólicos de reconstrução, de também repensar a democracia com o povo, com a juventude. Isto aqui é um momento simbólico de esperança", disse a militante Sofia Cartaxo, do Levante Popular da Juventude.
Na mesma sintonia, a diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Ada Luísa de Melo Sousa, afirma que a reinauguração do espaço se coaduna com a necessidade popular de reconstrução do país. "Para nós e para nossa democracia, isto é um momento importante porque não é só a retomada do PT após as adversidades todas que ocorreram. É também uma volta do povo, porque nós estamos reconstruindo a esperança no país e estamos aqui pra dizer que o golpismo não vai passar e que o país vai ser reconstruído."
Edição: Thalita Pires