Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reconduzido à Presidência do Senado Federal com os votos de 49 dos 81 parlamentares nesta quarta (1). Com isso, não é exagero dizer que Lula venceu Jair Bolsonaro pela segunda vez em três meses uma vez que o candidato que teve pesado apoio do governo do petista derrotou Rogério Marinho (PL-RN), o candidato que teve pesado apoio do bolsonarismo.
Foi a própria extrema direta que deu cara de "terceiro turno" à eleição da Presidência do Senado, envolvendo Jair e a ex-primeira-dama, Michelle, no pedido de votos. E, claro, o filho Carlos, uma vez que o bolsonarismo colocou sua máquina de guerra digital para atacar o atual presidente do Senado e incensar Marinho.
Além de tentar inviabilizar projetos de Lula no Congresso Nacional, a conquista do Senado pela extrema direita tinha o objetivo de buscar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes.
Em resposta a isso, Lula abriu a caixa de ferramentas da administração federal, prometendo cargos para reforçar o apoio a Pacheco.
Ironicamente, o assédio violento da extrema direita em prol de seu candidato pode ter tido impacto contrário entre parlamentares, que se revoltaram devido às ameaças contra eles e seus familiares. O bolsonarismo ainda não aprendeu que esse tipo de bullying funciona com eleitores comuns, mas não com quem tem mandato de oito anos.
Mesmo com o mugido alto desse rebanho, no final das contas, Rodrigo Pacheco teve uma votação próxima ao tamanho esperado da base de Lula no Senado Federal. Isso indica que muitos senadores podem ter usado o crescimento de Marinho nas redes sociais apenas para aumentar o "preço" de seu voto. E que Marinho era uma miragem menor do que aquilo que as redes queriam fazer crer.
Caso a base do governo tenha os mesmos 49 votos de Pacheco, Lula conseguirá aprovar propostas de emenda à Constituição.
Por outro lado, a oposição mostra que, mantendo os votos conferidos a Marinho, ela terá o suficiente para pedir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal. Uma CPI, como a que analisou as ações do governo Bolsonaro no combate à covid-19, precisa da assinatura de 27 senadores.
O bolsonarismo ladrou e não mordeu. Mas mostrou que tem dentes.
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.