O Equador decidiu e o resultado mostrou uma tendência preocupante para o atual presidente Guillermo Lasso. De acordo com a consulta do último domingo (5), o referendo constitucional, que propunha realizar oito emendas e era uma bandeira do presidente, pode ser negado pela população, de acordo com resultados preliminares. Enquanto nas eleições regionais, com mais de 90% dos votos apurados, a Revolução Cidadã (RC) - partido do ex-presidente Rafael Correa - saiu vitoriosa em Quito, Guayas e Manabí, as maiores cidades do país.
Na capital nacional, Pabel Muñoz (RC) foi eleito prefeito com 25,20% dos votos e o segundo colocado, Jorge Yunda, já reconheceu a derrota com 99,4% da apuração concluída. "Estas eleições são um grande começo, agora vamos seguir trabalhando com alegria de saber que o que fazemos com o coração, com apoio faremos com que Quito renasça", publicou Muñoz.
Já em Cuenca, Cristian Eduardo Zamora Matute, da Esquerda Democrática, foi eleito com menos de 1% de vantagem em relação ao segundo colocado, Pedro Palacios.
Em Guayaquil, a cidade mais populosa do país, Aquiles Álvarez Henríques (RC) obteve 39% dos votos contra 30% de Cynthia Viteri, do Partido Social Cristão (PSC), que buscava a reeleição. Uma das principais propostas de Álvarez é uma novo plano de segurança para a capital de Guayas, que é considerada uma das 50 mais perigosas do mundo.
Na província de Guayas, Marcela Aguinaga, da Revolução Cidadã, desponta com mais de 34% dos votos, desbancando 31 anos de hegemonia do PSC na região.
A Revolução Cidadã também conseguiu reeleger Paola Pabón como governadora da província de Pichincha, onde está localizada Quito. "Agradeço Pichincha pelo respaldo e carinho", escreveu Paola em suas redes. O partido de Correa também irá governar a província de Azuay.
Desta forma, o partido de Rafael Correa irá governar as maiores cidades e províncias do Equador a dois anos das eleições gerais, previstas para 2025.
"Agora se abre um novo cenário para a Revolução Cidadã, que é inédito na história, que é a expectativa de mudanças a nível regional. Agora precisam levar adiante essas propostas, ter resultados, para chegar a 2025, não somente com o relato do passado a nível nacional, mas com um acúmulo de políticas locais que mostram que chegam com toda força", diz em entrevista ao Brasil de Fato o consultor político equatoriano Jacobo García.
Já a apuração do plebiscito constitucional é mais lenta. Com apenas 34% da apuração concluída, o "não" é vitorioso até o momento em todas as oito perguntas apresentadas aos eleitores com ampla vantagem. O plebiscito foi proposto pelo presidente Guillermo Lasso, em setembro do ano passado, para alterar a Constituição aprovada em 2007 em artigos relacionados à segurança, participação cidadã e meio ambiente.
Para o consultor político, Jacobo García, a junção do plebiscito com as eleições regionais seria uma espécie de "cortina de fumaça" do governo Lasso para ocultar sua impopularidade no interior do país. No entanto, ao que tudo indica, a manobra não deu certo.
"Mais do que um golpe a sua popularidade, creio que esse governo está morto. Foram meses de campanha para esse plebiscito. Deixaram de lado as eleições locais e deixaram de atender outros assuntos nacionais e as pessoas lhes deram um 'não' muito contundente", afirma García.
No último domingo (5), cerca 13,45 milhões de equatorianos foram convocados a eleger seus novos prefeitos e governadores, membros do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social, e definir se pretendiam alterar a Constituição em oito pontos. O voto é obrigatório para todas as pessoas entre 18 e 65 anos e a participação foi de 80% do eleitorado, segundo o Conselho Nacional Eleitoral do Equador.
Edição: Thales Schmidt