O Brasil confirmou o envio de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) ao Chile para ajudar na contenção dos incêndios florestais no centro-sul do país. Desde domingo (5), 26 pessoas faleceram, 3 mil perderam suas casas e já foram destruídos 343.748 hectares de terra.
O presidente Lula da Silva telefonou para o líder chileno, Gabriel Boric para expressar solidariedade e confirmar o envio de ajuda militar.
O governo brasileiro autorizou o envio de um avião da FAB equipado para o combate de incêndios, com tripulação e equipe de campo, além de aeronaves-cisternas, veículos, equipamentos e materiais. Além disso, os ministérios da Justiça e Segurança Pública e do Meio Ambiente e Mudança do Clima enviaram uma brigada com 60 profissionais e uma equipe humanitária de seis especialistas para ajudar no controle das chamas.
Boric respondeu "obrigado querido Lula. Sabia que poderíamos contar contigo. Viva América Latina unida".
O fogo
Os Estados Unidos também enviaram um avião equipado para combate de incêndios e o México enviou uma brigada com 157 militares para ajudar no controle do fogo e regaste de vítimas.
Após quatro dias de chamas, ainda há 323 focos de incêndio entre as províncias de Ñuble, Maule, Arauco, Biobío e Araucania, extremo sul do país. As autoridades decretaram toque de recolher das 23h às 5h para evitar novos acidentes nas regiões mais afetadas. Até o momento, 28 pessoas foram detidas consideradas responsáveis por criar focos de incêndio, segundo o ministro do Interior, Manuel Monsalve.
O presidente Boric viaja pelas zonas afetadas desde a última segunda (6) e assegurou "nós vamos nos levantar". Além de questões climáticas, até o momento não se sabem as causas exatas que desataram o descontrole das chamas.
"De imediato o principal é apagar o fogo, mas saibam que como Estado estamos entregando o máximo das nossas capacidades para combater esta emergência que nos causa tanta dor", disse o presidente chileno.
Ajuda do governo
Nesta quinta-feira, a porta-voz do governo, Camila Vallejo, anunciou um plano de recuperação e auxílio com 13 medidas, entre elas a emissão de um bônus para as famílias afetadas, que varia de US$ 930 a US$ 1870 (equivalentes a de R$ 4,9 mil a R$ 9,8 mil), de acordo com a gravidade das perdas de cada família.
O plano também oferta moradias temporárias; prevê a abertura de 70 creches novas; e a ações para prover serviços públicos, como cartórios, bancos e assistência social nos locais afetados.
Para atender a população idosa, haverá um repasse de US$ 2,4 milhões (R$ 12,6 milhões) através do Fundo Nacional do Idoso para os estados de Biobío, Ñuble e Araucanía.
O governo nacional também irá enviar um repasse aos governos locais de cerca de US$ 380 mil (R$ 2 milhões) para reconstrução de infraestrutura.
Vallejo também anunciou a isenção de impostos e a oferta de um bônus de US$ 400 durante três meses para micro e pequenas empresas.
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Pequenos agricultores que cultivam frutas estão entre os mais afetados pelos incêndios. A Câmara de Produção e Comércio (CPC) publicou um comunicado elencando uma lista de demandas para evitar novos incêndios, que inclui a proibição de uso de fogo nas zonas rurais, a determinação de penas para este tipo de delito e a criação de campanhas de sensibilização sobre o uso de materiais inflamáveis.
"Quando seja comprovada a intencionalidade ou negligência em um incêndio, quem cometeu esse grave delito não pode ter impunidade", defendem no documento.
Aos agricultores e pecuaristas, o governo oferece apoio com tratamento veterinário para animais e um auxílio de até US$ 500 para reposição de maquinaria.
A CPC também exige que o governo apoie a reconstruir a infraestrutura perdida e na recuperação do solo.
Já para os povos originários, o governo diz que entregará US$ 620 mil em kits de ferramentas e outros apoios aos Machi mais afetados. A região Sul do Chile concentra a nação Mapuche e outros povos indígenas, que representam cerca de 12,8% da população do país.
Edição: Rodrigo Durão Coelho