A Assembleia do Povo, o Parlamento da Síria, apelou à comunidade internacional pelo fim imediato das sanções unilaterais impostas contra o país desde 2011. Segundo os congressistas, as sanções dificultam o envio de ajuda humanitária e equipamentos para o resgate das mais de 19 mil vítimas do terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter que impactou o noroeste do país na última segunda-feira (6).
O presidente do Crescente Vermelho Árabe Sírio (SARC), Khaled Hboubati, já havia pedido na terça-feira (7) o levantamento das sanções para facilitar os esforços de socorro, já que o país precisa urgentemente de equipamentos de resgate.
Na mesma linha, o embaixador da Síria na ONU, Bassam al-Sabbagh, disse que as sanções impediram que a ajuda necessária, incluindo remédios e equipamentos pesados de outros países, chegasse a Damasco.
As províncias mais afetadas pelos tremores foram Alepo, Lataquia, Hamã e Tartus.
Nesta quinta-feira (9), quatro aviões dos Emirados Árabes Unidos, Irã e de Omã aterrissaram no aeroporto internacional de Damasco com 45 toneladas de ajuda humanitária. O ministro de Saúde, Hassan Al-Ghobash se reuniu com o diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), Ahmed Al-Mandhari para buscar alternativas para o recebimento de apoio internacional.
O Brasil também ofereceu ajuda através da Agência Brasileira de Cooperação. Horas após o terremoto, ainda na segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou em uma rede social a solidariedade do Brasil aos povos dos dois países.
A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Mao Ning também fez coro ao pedido de levantamento das sanções. "Nesta situação de catástrofe, os EUA deveriam renunciar às medidas impostas contra a Síria e abrir as portas para a oferta de ajuda humanitária ao país", declarou na última quarta (8).
A China enviou US$ 4,4 milhões para apoiar o governo sírio a reconstruir o país.
Mao Ning ainda completou "os EUA estão há muito tempo envolvidos com a crise na Síria, com ataques militares e duras sanções que causaram enormes perdas e acabaram com os meios de subsistência dos sírios", disse a porta-voz chinesa.
A partir da guerra de 2011, Washington e Bruxelas passaram a impedir transações financeiras para bancos sírios e multar terceiros países que comercializem com o governo de Bashar Al-Assad.
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"Aceitamos a assistência do Ocidente, e se os Estados Unidos e a União Europeia oferecerem ajuda, também aceitamos, mas não ofereceram nenhuma, apesar do chamado da Cruz Vermelha", declarou a assessora especial da presidência da Síria, Bouzeina Shaaban.
Na última quarta-feira (8), o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, confirmou que a UE não enviará ajuda humanitária à Síria, apenas à Turquia, mas disse que não havia "nenhum problema geopolítico".
Logo após o terremoto, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price disse que seria "irônico" apoiar um governo que "agrediu seu povo durante anos".
Em resposta, a funcionária síria, Bouzeina Shaaban denunciou que as potências ocidentais apoiam as zonas ocupadas por terroristas do Estado Islâmico (Daesh) e a Frente Al-Nousra, mas não se preocupam com as áreas onde vive a maioria do povo sírio.
* Com informações de Agência SANA, Telesur e CGTN
Edição: Rodrigo Durão Coelho