O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN International, em visita oficial aos EUA, e foi questionado sobre o papel do Brasil diante da guerra da Ucrânia, em particular sobre a hesitação de condenar a Rússia pelo início do conflito.
Lula reiterou que considera que a invasão da Rússia no país vizinho foi "um equívoco" de Vladimir Putin e defendeu o direito de autodefesa de Kiev contra Moscou, mas destacou que o foco agora deve ser na busca de uma solução de paz.
"Lógico que ela [Ucrânia] tem o direito de se defender, até porque a invasão foi um equívoco da Rússia. Ela não poderia ter feito isso. Isso não foi discutido no Conselho de Segurança [da ONU]. O que eu quero é dizer o seguinte: o que tinha de ser feito de errado já foi feito. Agora, é preciso encontrar pessoas para tentar ajudar a consertar", afirmou Lula.
Ao comentar o motivo de ter negado o pedido do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, de enviar munições para tanques alemães a serem usados na guerra, o presidente disse que, se aceitasse, seria uma forma de o Brasil entrar no conflito.
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"Eu não quis mandar. Se eu mandar, entrei na guerra. Se eu mandar as munições que ele está pedindo, entrei na guerra. Eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra. Esse é o meu compromisso", afirmou.
O presidente brasileiro também lembrou que, depois da visita aos EUA, viaja para a China e vai abordar a questão da guerra com o presidente Xi Jinping para alavancar a mediação para a paz.
“Vou viajar para a China no próximo mês e quero falar muito com o presidente Xi Jinping sobre seu papel nas negociações de paz. Temos que ter um grupo de países que falem sobre paz, não guerra. É o único jeito de retomar a dignidade humana", afirmou.
"Precisamos construir uma narrativa de paz, porque a Rússia é um país grande, que dê condições para Putin parar a guerra", completou.
Edição: Flávia Chacon