O Banco Central tem mantido no Brasil as taxa de juros mais altas do mundo. Pagamos hoje 13,75% de taxa nominal e 8% de taxa real de juros. É mais que o dobro do segundo colocado, o México. Essa taxa de juros muito elevada tem sido mantida sob a justificativa de controlar e, principalmente, ancorar as previsões de inflação, ou seja mantê-la próxima da meta.
Em grande medida, o Banco Central tem responsabilidade de desfazer as expectativas geradas de que a inflação estará próxima da meta fixada. Ele tem sinalizado - inclusive, mais do que o resto do mercado - que a inflação em 2024 deve ser muito mais elevada em função dos preços administrados.
O Banco Central fabrica um diagnóstico e aplica o remédio. E esse remédio de juros elevados não apenas deixa de corrigir o problema da inflação brasileira.
Nossa inflação tem muita pouca relação com a demanda, portanto, um resfriamento da economia, uma recessão econômica, não corrigiria o problema da demanda que é de oferta. Por outro lado tem impacto na economia e no projeto do governo para a economia.
A decisão do BC coloca a economia brasileira caminhando na contramão do que o [presidente] Lula e a maioria da população que votou nele deseja para o país, que é mais emprego, investimento e políticas públicas.
Portanto, é importante levar em consideração que essa disputa é sobre o projeto de país. A economia brasileira já está no período de desaceleração e por isso não suporta mais taxas de juros tão elevadas que remuneram e aumentam a dívida pública.
Por outro lado, as altas taxas esfriam a economia, inibindo investimentos e emprego.
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Rodrigo Durão Coelho