VIOLÊNCIA POLÍTICA

Vereadora do PT recebe ameaça em Americana (SP): ‘Próxima Marielle’

As ameaças contra a Vereadora Professora Juliana vieram após ela questionar acampamento bolsonarista da cidade

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Vereadora Professora Juliana está na mira desde que assumiu seu primeiro mandato, em 2021 - Câmara Municipal de Americana

Ameaçada e chamada de a “próxima Marielle”, a vereadora Juliana Soares do Nascimento, do PT de Americana (SP), pediu providências à Polícia e à Assembleia Legislativa de São Paulo. Na quarta-feira (15), a parlamentar em primeiro mandato protocolou requerimento na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia. No documento, a vereadora Professora Juliana, como é mais conhecida, relata ameaças e perseguições sofridas desde que tomou posse, em 2021.

No entanto, chamou atenção o comentário em uma publicação sobre ela em uma rede social com os dizeres “próxima Marielle”. “Isso caracteriza ameaça e incitação à violência. Sabemos o que aconteceu com a vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, assassinada em 2018″, disse a vereadora à RBA.

A frase ameaçadora fez referência a um vídeo publicado por terceiros, com trechos de sua fala na última sessão na Câmara, em 8 de dezembro. Na ocasião, ela pedia informações sobre a ocupação em frente ao Tiro de Guerra na cidade de Americana por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).

Vereadora é perseguida desde o início do mandato

Segundo a parlamentar, no dia seguinte foi interpelada pelos bolsonaristas. E como na época houve muitos comentários agressivos, ela registrou Boletim de Ocorrência na segunda-feira (13). E relatou à Delegacia da Mulher que uma liderança do acampamento no Tiro de Guerra transmitiu um vídeo ao vivo. Nele, incitava os manifestantes contra ela, afirmando que Juliana estava querendo tirá-los de lá. A reação foi imediata, com comentários violentos. Um deles dizia: “Manda ela vir aqui, tô louco para pegar uma petista”.

A vereadora, que é professora e socióloga, contou que desde o início de seu trabalho na Câmara é alvo de ataques violentos nas redes sociais. Em 2021, o vereador de extrema direita Felipe Corá (Patriotas), da vizinha Santa Bárbara do Oeste, a atacou. Divulgou um vídeo em que dizia que ela “é defensora de bandidos, do aborto, e que deveria lavar a boca com ácido sulfúrico”.

“Parlamentar atacada é a democracia atacada”

O caso foi parar na Justiça, que entendeu que houve danos morais. O juiz condenou Corá a pagar indenização e a retirar o vídeo de uma rede social. Na ocasião a Câmara de Americana entendeu que tudo não passava de uma questão de “polarização política”. E que não cabia uma ação mais contundente além da solidariedade a ela. O vídeo chegou a ser exibido em programa na TV local. E nem assim a mesa da Câmara tomou providências.

“A misoginia permeia as relações dentro da nossa cultura e em todas as relações, camadas, contextos, tempos e espaços. Essa misoginia está no feminicídio da mãe que decidiu se separar do marido, mas tá também na violência política contra nós, mulheres que ocupamos espaço de poder. Quando uma parlamentar é atacada dessa maneira, a democracia é atacada”, disse.