A Procuradoria Geral do Equador anunciou nesta quarta-feira (22/02) a abertura de um processo contra o ex-presidente Lenín Moreno, baseado nas denúncias de um suposto crime de corrupção, em caso conhecido no país andino como INA Papers.
O nome INA Papers surgiu pelo fato de que a denúncia tem a ver com um suposto esquema de desvio de dinheiro público, lavagem de dinheiro e evasão de divisas para contas em paraísos fiscais em nome das três filhas do ex-mandatário, cujos nomes compartilham o mesmo sufixo: Irina, Cristina e Carina.
No entanto, das três filhas de Moreno, apenas a mais velha, Irina Gonzáles Moreno, está sendo investigada no processo neste primeiro momento. Os demais parentes apontados como suspeitos no inquérito são a esposa do ex-presidente, Rocío González [que também é mãe de Irina e suas duas irmãs], Edwin e Guillermo Moreno, ambos irmãos de Lenín.
Os demais envolvidos são figuras que trabalharam com o ex-presidente durante o seu mandato. Segundo a imprensa local, seriam pouco mais de trinta assessores próximos a Moreno que poderiam ter participado do esquema de desvio de dinheiro público para contas no exterior.
O processo está tramitando na Corte Nacional de Justiça do Equador (CNJ) e a investigação é liderada pela procuradora-geral Diana Salazar.
Em um primeiro parecer emitido junto com a abertura do processo, Salazar afirma que “os indícios apontam que o esquema de corrupção estaria ligado ao projeto hidroelétrico Coca Codo Sinclair, e chegou a desviar cerca de 76 milhões de dólares, o que corresponderia a cerca de 4% do valor contratado para a obra, que inicialmente era de quase 1,9 bilhão de dólares – embora, na prática, o seu custo tenha ultrapassado os 2,2 bilhões em total” .
Os valores apontados na investigação teriam sido enviados para a offshore INA Investments, que foi aberta em 2019, quase dois anos após a posse de Moreno.
Vale lembrar que Moreno se elegeu presidente em 2017, então apoiado por Rafael Correa, mas rompeu com o antigo aliado meses depois.
Ele completou seu mandato em 2021, sendo sustentado politicamente por setores de direita, até entregar o cargo para o ultraliberal Guillermo Lasso, atual presidente.